Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social 2019 Vol. 5 (1): 99-110
Portuguese Journal of
Behavioral and Social Research 2019 Vol. 5 (1): 99-110
Departamento de Investigação & Desenvolvimento • Instituto
Superior Miguel Torga
ARTIGO DE REVISÃO
Importância dos enfermeiros na identificação
do cyberbullying: Revisão sistemática
Importance of nurses in the identification of cyberbullying: Systematic
review
José Mendes (1)[a]
Susana Queirós (2)
Marina
Pedro (2)
Marta
Oliveira (3)
(1) INTELECTO – Psicologia & Investigação, Ponta Delgada, Açores;
Unidade de Saúde de São Miguel, Centro de Saúde do Nordeste, Açores, Portugal
(2) Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel, Centro de Saúde da Ribeira
Grande, Açores, Portugal
(3) Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Vendas Novas, Centro
de Saúde de Vendas Novas, Vendas Novas, Portugal
Recebido: 18/12/2018; Revisto: 19/01/2019; Aceite: 19/02/2019.
https://doi.org/10.31211/rpics.2019.5.1.105
Objetivo: O cyberbullying tem
despertado a atenção na comunidade científica, existindo já uma maior
preocupação por parte dos órgãos políticos perante um tema que se revela uma
preocupação de saúde pública. Com a presente revisão sistemática da literatura
pretende-se compreender a abordagem dos cuidados de saúde primários na
identificação e prevenção do cyberbullying
em crianças/jovens. Métodos: Com
recurso a várias bases de dados (PubMed, Google Scholar, Web of Science e EBSCO),
pesquisaram-se artigos científicos utilizando os operadores booleanos AND e NOT com as palavras chave Cyberbullying,
Child, Adolescent e Primary Health
Care. Incluíram-se os artigos entre os anos 2013 e 2018 com resumo e texto
completo. Resultados: Identificaram-se no total sessenta e
três artigos. Vinte e três artigos eram duplicados, onze artigos eram
periódicos de revistas consideradas de cariz não-científico. Após leitura
integral, eliminaram-se vinte e quatro artigos, em que somente cinco cumpriram
com os critérios de inclusão. Conclusão:
As Tecnologias de Informação e Comunicação apresentam benefícios e malefícios,
onde a família/pessoa significativa e os enfermeiros desempenham um papel
primordial na prevenção e antecipação de comportamentos de risco para o
desenvolvimento integral da criança/jovem. Justifica-se um maior investimento
na formação de profissionais de saúde, dotando-os de estratégias de avaliação e
intervenção na prevenção do cyberbullying,
identificando vítimas e agressores em todos os contextos (escolar, familiar,
cuidados de saúde primário e emergência hospitalar). Não tendo sido encontrados
estudos realizados na Europa, sugere-se maior investigação que permita melhor
compreender a promoção positiva do cuidar da criança/jovem e família perante o cyberbullying.
Palavras-Chave: Cyberbullying; Crianças; Adolescente; Enfermeiros;
Cuidados de Saúde Primários.
Objective: Cyberbullying has been drawing the attention of the scientific
community. Therefore, nowadays, there is a greater concern on the part of political
groups towards this subject which is a public health matter. This systemic
literature review aims to understand the approach of primary health care in the
identification and prevention of cyberbullying in children/youth. Methods: Following descriptors Cyberbullying, Child, Adolescent, Nurse, and Primary Health Care with Boolean
operator AND/NOT in the databases (PubMed, Google
Scholar, Web of Science, and EBSCO). The articles between 2013 and 2018 were
taken into account, with the summary and full text. Results: Sixty-three articles were identified. Twenty-three articles were
duplicates, and eleven articles were periodicals of scientific journals. After
reading comprehensively, twenty-four articles were eliminated, and only five met
the inclusion criteria. Conclusions: Information and
Communication Technologies have benefits and disadvantages, with the
significant family/person and the nurses play a primary role in the prevention
and anticipation of risk behaviors for the overall development of the
child/youth. The present Systemic Literature Review alerts for a greater investment in
the training of health professionals, providing them with evaluation and
intervention strategies to prevent Cyberbullying, identifying victims and
aggressors in all contexts (school, family, primary health care, and emergency). Since no studies
were found in Europe, more research is suggested to better understand the
positive promotion of child/youth care and the family facing Cyberbullying.
Keywords: Cyberbullying; Child; Adolescent; Nurses; Primary Health Care.
Na última década, o cyberbullying
tem sido alvo de maior atenção por parte de investigadores de várias áreas
do saber. A utilização da internet apresenta quer oportunidades de
aprendizagem, participação cívica, criatividade e ligações sociais, quer riscos
que podem ser comerciais, sexuais, julgamento de valores e comportamentos
agressivos (Simões, 2010). O plano estratégico do Conselho da Europa sobre os Direitos da
Criança defende os direitos da criança no ambiente digital, onde a participação
e proteção das crianças deve ser mediada pela criação e disseminação de
aplicações que possam capacitar as crianças, pais e educadores a utilizar as
novas tecnologias de comunicação e informação de modo seguro (Conselho da
Europa, 2016).
Apesar desta preocupação global, não podemos esquecer a
intervenção do enfermeiro na prestação de cuidados primários, uma vez que as
consequências do cyberbullying podem
influenciar o estado de saúde da criança/adolescente e prejudicar o seu
adequado desenvolvimento (Caetano et al., 2017). A fase inicial da adolescência é marcada pela mudança da
aparência, onde o adolescente pode ajustar o seu comportamento para se
enquadrar nas normas dos seus pares, podendo ser vítimas ou participar de bullying (por exemplo, assédio moral),
sentindo-se confusos relativamente à sua identidade sexual (United Nations Children’s Fund,
2011).
O bullying envolve
agressões intencionais, repetitivas e praticadas em uma relação de desigualdade
de poder entre vítimas e agressores (Silva et al., 2018), existindo quatro características que distinguem o cyberbullying do bullying tradicional: o anonimato do agressor; o ataque poder
acontecer a qualquer momento, independentemente da proximidade física; a
interação entre o agressor e vítima é menos pessoal, agravando o comportamento
malicioso e a natureza generalizada do cyberbullying
como mais penetrante (Carpenter &
Hubbard, 2014).
O comportamento dos adolescentes perante as novas Tecnologias da
Informação e da Comunicação (TIC) têm despertado a atenção de investigadores na
última década em Portugal (Amado, Matos, Pessoa, &
Jager, 2009), uma vez que o bullying
passou a manifestar-se através de um espaço virtual, denominando-se de cyberbullying (Associação Portuguesa de
Apoio à Vítima [APAV], 2011; João, João, & Portelada,
2011; Pigozi & Machado, 2015). O cyberbullying pode
ser definido pelo envio ou post de
textos ou imagens que podem ser prejudiciais ou violentos através da internet
ou outros dispositivos de TIC (Pessoa & Amado, 2014).
O comportamento do cyberbullying
efetiva-se pela disseminação de informação negativa/falsa com intenção de
difamar, importunar e injuriar a vítima (APAV, 2011), existindo uma forte ligação dos jovens relativamente ao
telemóvel e ao Messenger (Amado et al., 2009), em que as consequências podem ser devastadoras na saúde física e
mental dos adolescentes tais como: dificuldades de concentração, pesadelos,
insónias, irritabilidade, cansaço, sentimentos de insegurança, perda de
equilíbrio, medo, ansiedade e crises de choro (João et al., 2011).
O fácil acesso à internet, dispositivos móveis e redes sociais
pelos adolescentes tem aumentado a exposição ao bullying virtual, tendo o cyberbullying
crescido como uma preocupação de saúde pública, podendo afetar a saúde
mental dos jovens (Betz, 2011; Carpenter & Hubbard, 2014). A abordagem multidisciplinar no âmbito dos cuidados de saúde
(médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros) é fundamental na
promoção e educação para a saúde (Moreno &
Vaillancourt, 2017).
Salienta-se que atualmente as interações online têm impacto nas amizades e nas relações entre os pares, onde
os esforços para prevenir o bullying
virtual devem concentrar-se no uso que os adolescentes fazem da internet. O
risco do cyberbullying está associado
a múltiplos fatores e à possibilidade de as relações que se geram entre eles
contribuírem para o agravamento do problema (Moreno &
Vaillancourt, 2017). É importante que todos estejam informados e que se discuta esta
temática, onde a rede de suporte assume um duplo significado (ter uma rede
física e virtual) em cooperação (Almeida & Gouveia,
2016).
Tendo em vista a obtenção contínua de ganhos em saúde para a
população adolescente, é fundamental o desenvolvimento de estratégias de
intervenção adequadas às problemáticas atuais. De acordo com o Programa
Nacional de Saúde Infantil e Juvenil, o cyberbullying
surge como um problema social que não deve ser desvalorizado pelos
profissionais de saúde que realizam as consultas de vigilância de saúde
juvenil. Em contexto de cuidados de saúde primários, torna-se fundamental a
abordagem desta temática no âmbito preventivo, com o desenvolvimento de
estratégias que devem incluir programas de educação para a saúde, promovendo o
desenvolvimento pessoal e social e a autodeterminação dos jovens. Os
enfermeiros devem abordar os jovens com o intuito de promover a
responsabilização pelas escolhas relativas à saúde, prevenindo situações
disruptivas ou de risco acrescido. No âmbito da deteção precoce, torna-se
fundamental identificar, apoiar e orientar os jovens e famílias vítimas de
maus-tratos e de violência (Direção-Geral de Saúde,
2013).
Sendo o cyberbullying um
problema de saúde pública (Direção-Geral de Saúde [DGS],
2015), devem os enfermeiros promover práticas de
cuidados que respeitem os direitos humanos; conceber, gerir e colaborar em
programas de melhoria nos cuidados de saúde, otimizando a resposta
multidisciplinar (Regulamento n.º
140/2019, 2019); cabe ainda aos enfermeiros especialistas em enfermagem de saúde
da criança e do jovem que possuem competência específica e fundamental,
assistir e cuidar da criança/jovem e família em situações de especial
complexidade, na maximização da sua saúde (Regulamento n.º
123/2011, 2011).
Os Padrões de Qualidade, que regulamentam a atividade, reiteram
que é da competência do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde da
Criança e do Jovem focalizar a sua intervenção na interdependência
criança/jovem/família e ambiente, considerando os fatores protetores e de risco
associados à sua vivência, ajudando a criança/jovem a alcançar o máximo
potencial de saúde e prevenindo complicações para a sua saúde, através da
identificação de evidências fisiológicas e emocionais de mal-estar psíquico,
bem como a identificação de situações de risco para a criança e jovem (Regulamento n.º
351/2015, 2015).
Desta forma, o presente estudo pretende realizar uma revisão
sistemática da literatura, com o objetivo de compreender a abordagem dos
cuidados saúde primários perante o adolescente, vítima/agressor de cyberbullying na promoção do seu
bem-estar biopsicossocial. Assim, pretende-se compreender qual a abordagem dos
profissionais de saúde nos cuidados de saúde primários perante a
criança/adolescente, vítima/agressor de cyberbullying.
Tomando em consideração a metodologia de
pesquisa a realizar para a presente revisão sistemática da literatura,
procederam-se às seguintes etapas: definição da questão de investigação;
elaboração dos critérios de elegibilidade; realização de uma pesquisa nas bases
de dados; examinação dos artigos a considerar elegíveis; apreciação da
qualidade metodológica dos estudos; descrição dos resultados e conclusões e
elaboração de uma tabela síntese das características dos estudos.
Procedeu-se à pesquisa das palavras Cyberbullying, Adolescent, Nurse e Primary Health Care nas bases de dados
Pubmed, Google Scholar, Web of Science e Ebsco. Utilizando os operadores booleanos AND e NOT, foram elaboradas cinco
equações de pesquisa: [Cyberbullying
AND Adolescent NOT Child/Adult], [Cyberbullying AND Adolescent
AND Primary Health Care NOT Child/Adult], [Cyberbullying AND Nurse
AND Primary Health Care NOT Child/Adult], [Cyberbullying AND Adolescent
AND Nurse NOT Child/Adult] e [Cyberbullying
AND Adolescent AND Nurse AND Primary Health Care NOT Child/Adult].
Estas
cinco equações foram pesquisadas no texto integral.
Os critérios de inclusão adotados foram:
1) a publicação possuir uma relação entre o cyberbullying,
profissionais de saúde, os adolescentes e os cuidados de saúde primários; 2) ser
uma publicação na língua portuguesa, inglesa, francesa ou espanhola e 3) ser
uma publicação em revistas de cariz científico em texto completo entre o ano
2013 e o ano 2018. Excluíram-se as publicações duplicadas, estudos que não
abordassem a temática relevante ao objetivo de revisão integrativa da
literatura e que utilizassem outros métodos que não os selecionados.
O processo de identificação e seleção
dos artigos decorreu em duas etapas. A primeira etapa consistiu na leitura dos
títulos e resumos dos artigos identificados na pesquisa, de forma a excluir
aqueles que não iam ao encontro dos critérios de inclusão previamente
estabelecidos. Posteriormente, a seleção dos artigos para a continuação deste
processo foi realizada com base na leitura do resumo e subtítulos ao longo do
artigo, e na última etapa, os artigos resultantes desta primeira análise foram
analisados na íntegra.
Nas primeiras
pesquisas, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, resultaram 44
artigos, tendo-se identificado 13 artigos duplicados. Realizada a leitura dos
títulos e resumos, eliminaram-se sete artigos por pertencerem a periódicos de
revistas que não eram considerados de cariz científico ou não respeitarem os
níveis de evidência. Permaneceram 21 artigos que se dirigiam ao objetivo da
revisão; no entanto, após a leitura integral, foram reduzidos a cinco
publicações, por não estarem presentes os descritores considerados elegíveis à
elaboração da revisão integrativa da literatura.
A Tabela
1 apresenta uma breve descrição dos objetivos e conclusões dos estudos,
sendo os artigos identificados da América do Norte.
|
Tabela 1 Síntese da Evidência Encontrada |
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||||
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Autores |
Ano |
País |
Objetivo
de Estudo |
Conclusões
do Estudo |
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2014 |
Estados Unidos |
Apresentar
resultados de um programa educacional projetado para capacitar enfermeiros a
identificar vítimas, agressores e técnicas de intervenção. |
Formação
direcionada aos enfermeiros sobre o cyberbullying,
permitiu a estes profissionais de saúde uma maior capacitação na
identificação de sinais e sintomas relacionados com o bullying e identificação de vítimas e agressores. |
|
|
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2014 |
Estados Unidos |
Informar
e educar enfermeiros pediátricos sobre a difusão do crescente problema do cyberbullying. |
Enfermeiros
com formação especializada em saúde mental, demonstram-se mais capacitados em
intervir em adolescentes, famílias e comunidades que experienciou o cyberbullying. |
|
|
|
2015 |
Estados Unidos |
Explorar
a prevalência de bullying e cyberbullying em adolescentes na
região do Midwest nos Estados Unidos. |
A prevalência
do cyberbullying entre os
adolescentes exige a necessidade de maior formação dos enfermeiros nos
cuidados de saúde primários na identificação e intervenção precoce do cyberbullying. |
|
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2018 |
Estados Unidos |
Explorar
o conhecimento dos enfermeiros nos cuidados de saúde primários sobre o cyberbullying. |
Os
enfermeiros dos cuidados de saúde primários revelam-se fundamentais no
combate ao cyberbullying,
justificando-se maior investimento na formação destes profissionais na
promoção de uma cultura escolar positiva na redução de comportamentos de cyberbullying. |
|
|
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2018 |
Estados Unidos |
Avaliar
o papel das tecnologias de informação e comunicação no desenvolvimento da
população adolescente. |
A
utilização das tecnologias de informação e comunicação apresentam
consequências positivas e negativas. Os enfermeiros em pediatria revelam-se
necessários na mobilização de estratégias positivas na prevenção de comportamentos
do cyberbullying. |
|
As tecnologias da
informação vieram reorganizar a forma como os adolescentes comunicam e
aprendem, existindo a necessidade de sensibilizar não só os pais e educadores
para os riscos da utilização da internet (Gil
& Félix, 2015), mas também
sensibilizar os enfermeiros nos cuidados de saúde primários para esta nova
realidade. Apesar de a Direção Geral de Saúde publicar uma norma do Programa
Nacional de Saúde Escolar (PNSE|2015), a mesma somente faz referência à
exploração indevida da utilização das TIC de uma forma menos correta, alertando
para que a saúde escolar sensibilize a comunidade educativa para a importância
da identificação precoce de determinadas dependências (DGS,
2015). Estudos indicam que
o uso excessivo de internet pode influenciar o aparecimento de problemas
emocionais e relacionais (Almeida
& Gouveia, 2016), apresentando
consequências, quer a nível individual, quer a nível de saúde pública (Lopes,
Patrão, & Gouveia, 2018).
A rápida evolução
das TIC possibilita de forma gratuita e sem controlo ou supervisão da forma
como as crianças/jovens comunicam e constituem as suas identidades como pessoas
(Pessoa
& Amado, 2014), podendo favorecer
o aparecimento de distúrbios alimentares (Patchin
& Hinduja, 2006). Considera-se,
assim, relevante compreender a exposição à internet (tempo despendido na
internet sem ter em consideração pesquisas para trabalhos escolares), as
questões sobre as preocupações com a imagem corporal (internalização dos ideais
de beleza) e as questões sociodemográficas, no intuito de investigar
especificamente a relação entre a exposição dos adolescentes na internet e as preocupações com a imagem
corporal (Tiggemann & Miller, 2010). Apontamos, a título de exemplo, a
correlação entre as preocupações com a imagem corporal e a exposição à
internet, em que o Facebook e o Instagram são consideradas as redes
sociais com maior impacto (Cohen,
Newton-John, & Slater, 2017). No mesmo sentido, o estudo de Tiggemann e Slater
(2013) revelou que a exposição das adolescentes
à internet está associada à internalização de ideais de forma corporal, hipervigilância
do corpo e à busca do ideal de magro. Estas crenças podem ser originadas pelo
facto de as participantes do estudo usarem a internet pelo menos duas horas diárias
na pesquisa de sites de moda, compras
e revistas de celebridades, focando as preocupações com uma aparência corporal
mais magra.
O bullying é considerado uma preocupação
de saúde pública, caracterizado pela repetição da intimidação física ou psicológica,
que através das tecnologias de informação e comunicação, e em que a intimidação
psicológica inclui a humilhação, os insultos, as calunias e a deturpação da
informação, sendo das características mais comuns o envio por via de email, mensagens ou blogs (Moreno & Vaillancourt, 2017). Apesar da importância do seu
reconhecimento no domínio da saúde pública, a National Association of School Nurses e a American Academy of Pediatrics revelaram que cerca de 41% dos
enfermeiros mencionam que outros profissionais detêm melhor preparação para lidar
com as situações de bullying, 25%
mencionaram não deter as qualificações necessárias e somente 15% afirmaram que
não havia barreiras para se envolverem em ações de prevenção do bullying (Zinan,
2014).
A identificação da
falta de formação nas escolas de enfermagem sobre o bullying levou à implementação de programa de intervenção
intitulado “Will educating nurses about
bullying empower them to become involved in preventing it and intervening?”,
que avaliava a eficácia de 35 métodos para reduzir o bullying, envolvendo objetivos tais como: identificar a prevalência
e fatores de risco associados ao bullying;
explorar atitudes e crenças relacionadas com o bullying; integrar o conhecimento sobre o bullying na sua compreensão e prevenção; explorar atitudes e
crenças relacionadas com a obesidade e jovens lésbicas, gays, bissexuais e transexuais; identificar vitimas de intimidação
durante a consulta de enfermagem e identificar os recursos e formas de ajudar
as vítimas de intimidação. No final do programa, todos os enfermeiros
evidenciaram maior capacidade de reconhecer sinais e sintomas de estudantes
vítimas e agressores de bullying,
identificando 14 métodos considerados mais eficazes que na redução o bullying (Zinan,
2014).
Carpenter e Hubbard
(2014) mencionaram a mudança das tendências de comunicação
(o tempo utilizado nas redes sociais e a maior probabilidade de o cyberbullying ocorrer); o número de
histórias de cyberbullying e a
emergência das tentativas ou suicídio consumado (considerado um grave problema
de saúde pública); os efeitos que o cyberbullying
pode ter a nível social, psicológico e académico (violência, ideação
suicida, consumo de substancias, vergonha, absentismo, problemas
psicossomáticos, outros); leis e punições (legislação criminal); criação de
redes de suporte na avaliação e tratamento do cyberbullying (psicólogos, enfermeiros, advogados, consultores,
outros). Salientaram ainda uma desconexão significativa entre o que o público
necessita saber e o que realmente é conhecido sobre a gravidade da questão de
saúde pública causado pelo cyberbullying e
concluíram que os enfermeiros com especialidade em saúde mental estão preparados
para fornecer uma série de intervenções às crianças/adolescentes que sofrem de cyberbullying (Carpenter & Hubbard, 2014).
Recentemente, uma
revisão de literatura focou principalmente nos significados e aspetos chave do cyberbullying, TIC e discrepância dos
meios de utilização das TIC (essencialmente as redes sociais). Numa primeira
secção abordaram as incidências do cyberbullying
na sociedade e como utilizam as TIC no cyberbullying,
e numa segunda secção apresentaram a emergência de três temas: divulgação,
implicações na saúde e a resposta das escolas, concluindo que, quer os
enfermeiros, quer as equipas multidisciplinares, podem desenvolver planos que
foquem os benefícios e malefícios das redes sociais com os adolescentes (Guinta & John, 2018). Segundo Byrne et al. (2018), um modelo de
prevenção de saúde pública (primária, secundária e terciária) deve apoiar e
organizar as intervenções dos enfermeiros nas escolas, defendendo os autores
que a intervenção primária e secundária são mais eficazes na redução das taxas
de cyberbullying. Byrne et al. (2018) defendem que os
enfermeiros devem capacitar-se de maior informação sobre a prevenção do cyberbullying (e.g., conhecer bem as
aplicações existentes e a terminologia utilizada), sendo o papel do enfermeiro
fundamental para a promoção de uma cultura escolar positiva.
Um estudo de Pereira e Botti (2017) considerou que as
TIC têm uma forte influência sobre o suicídio, tornando-se um problema de saúde
pública. Estes autores concentraram-se na pesquisa de publicações sobre as
evidências entre a comunicação através das redes sociais virtuais e o suicídio,
revelando que as TIC podem apresentar dois tipos de comunicação: por um lado, a
comunicação online pro-suicida, em
que a internet pode operar facilitando o acesso a conteúdos sobre o suicídio,
informação sobre métodos, identificação, encorajamento, entre outros e, por
outro lado, a comunicação preventiva na internet apresenta-se como uma medida
preventiva através de grupos de apoio online,
redes sociais virtuais e apoio psicológico online.
O público jovem apresenta mais vulnerabilidade na comunicação online pro-suicida pela facilidade do
acesso aos meios digitais e características inerentes à adolescência, sendo
assim de extrema importância aumentar a visibilidade dos sites de prevenção do suicídio (Pereira
& Botti, 2017).
Os prejuízos
causados às vítimas de cyberbullying (ansiedade
e depressão, doenças psicossomáticas, violência retaliatória e suicídio) têm
despertado a atenção de todos os profissionais e investigadores (Sourander et al., 2010), onde a abordagem dos enfermeiros nos
cuidados de saúde primários requer a familiarização do cyberbullying na avaliação e intervenção comunitária (Carter
& Wilson, 2015). Sendo uma das
competências do enfermeiro especialista em enfermagem de saúde da
criança/jovem, a intervenção em situações de especial complexidade, promovendo
a maximização da saúde (Regulamento
n.º123/2011, 2011), e considerando
que a internet é especialmente utilizada em casa da família, na qual os pais
desempenham um papel fundamental na sua utilização (Maidel
& Vieira, 2015), revela-se
pertinente que este profissional de saúde esteja atento e detete precocemente
quando o relacionamento entre a criança/adolescente e a família/pessoa
significativa é substituída pelas TIC (Moreno
et al., 2018).
Apesar de os
enfermeiros estarem familiarizados com o bullying
tradicional, estes têm pouco conhecimento sobre o cyberbullying (Carter
& Wilson, 2015), onde a formação
especializada e direcionada a estes profissionais pode ser uma mais valia na
identificação das vítimas e agressores (Carpenter & Hubbard, 2014; Zinan,
2014). Segundo Moreno et
al. (2018), as possíveis consequências das TIC no
quotidiano das crianças e adolescentes, tais como as consequências educacionais
(multitarefas recorrendo ao uso das TIC podem comprometer o performance
académico); as consequências na saúde mental (depressão, redução da autoestima,
alterações no comportamento); o sexting
(mensagens eróticas, utilização de imagens seminuas ou nuas) e a privacidade
(partilha de informações pessoais) (Moreno
et al., 2018).
Considerações
finais
O presente trabalho
permite compreender a importância do papel dos enfermeiros na abordagem da
problemática do cyberbullying,
nomeadamente no âmbito dos cuidados de saúde primários, sendo fundamental
estarem atentos e explorarem as influências menos positivas da utilização da
internet no bem-estar da criança/adolescente e respetivas famílias. A
utilização da internet em Portugal tem vindo a sofrer aumentos consistentes, em
que a grande maioria acede à internet diariamente, sendo o escalão etário entre
os 15 anos que mais utiliza a internet (Cardoso,
Mendonça, Lima, Paisana, & Neves, 2014).
Estudos recentes
divulgam que as redes sociais têm forte influência sobre as preocupações com a
aparência nos adolescentes (de
Vries, Peter, de Graaf, & Nikken, 2016). Cohen et al. (2017) revelam uma
relação entre as preocupações com a imagem corporal e o uso das redes sociais
tais como o Facebook e Instagram. Por outro lado, os resultados
de um estudo sugerem que o uso do Instagram pode influenciar negativamente as
crenças e as preocupações relacionadas com a aparência (Fardouly,
Willburger, & Vartanian, 2018). Rumsey (2008) alerta os profissionais de saúde para a
necessidade de uma maior atenção às implicações das preocupações com a
aparência nos comportamentos relacionados com a saúde dos indivíduos (impacto
negativo na perceção do self e
bem-estar; intervenções cirúrgicas, adesão a tratamentos, distúrbios alimentares,
etc.).
Consideramos
essencial a existência de programas de apoio que dotem os enfermeiros nos
cuidados de saúde primários de técnicas e métodos de avaliação e intervenção no
cyberbullying, uma vez que os estudos
mencionam que programas de formação especializada sobre o cyberbullying capacitam os enfermeiros a identificar vítimas e
agressores (Zinan,
2014), para que os
especialistas em saúde mental não sejam os únicos a possuírem essas técnicas de
avaliação e intervenção (Carpenter & Hubbard, 2014). De realçar que as equipas de
enfermagem apresentam fragilidades no conhecimento sobre o comportamento
suicida, influenciando assim possíveis intervenções (Reisdorfer et al., 2015), podendo esta “incapacidade” ser maior
quando os enfermeiros nos cuidados de saúde primários não detêm um conhecimento
profundo sobre o impacto do cyberbullying
no quotidiano dos adolescentes e respetivas famílias.
Segundo Moreno et al. (2018), os enfermeiros
podem desempenhar um importante papel no desenvolvimento de hábitos saudáveis
na utilização das TIC por parte dos adolescentes, ficando atentos ao número de
horas despendidas nas TIC; à forma como são utilizadas; aos sinais de alerta,
tais como obesidade ou redução de peso, agressividade, consumo de substâncias e
outros; ao número de vezes que recorrem aos cuidados de saúde; sendo importante
encorajar as famílias a evitar o uso excessivo das TIC.
Com base na
presente revisão integrativa da literatura, enaltece-se a emergência de estudos
que avaliem a capacitação dos enfermeiros em cuidados de saúde primários
perante um problema de saúde pública (cyberbullying),
assim como a promoção de formações especializadas para estes profissionais
poderem responder eficazmente às problemáticas associadas à utilização das
tecnologias de informação e comunicação (essencialmente as redes sociais
virtuais) e que condicionam a saúde e bem-estar do adolescente/família.
Alertamos para o
facto de existirem centenas de artigos que abordam o cyberbullying (inclusive Portugal), mas os estudos encontrados nos
últimos cinco anos que façam referência à abordagem dos enfermeiros perante o cyberbullying foram somente realizados
na América do Norte. Apesar de existirem diretivas que promovem a realização de
estudos sobre as dependências nos cuidados de saúde (incluindo o cyberbullying) (DGS,
2015), são desconhecidos
estudos realizados na Europa, sugerindo-se mais investigação perante a
problemática multifacetada do cyberbullying
(Moreno & Vaillancourt, 2017). Salientamos também que atualmente
existem várias redes sociais (além do Facebook) que podem influenciar a prática
de cyberbullying (e.g., Instagram,
Snapchat, WhatsApp, Twitter). Como limitações, consideramos o número reduzido
de artigos científicos que deram resposta à questão de investigação.
Conflito de interesses | Conflict of interest: nenhum | none.
Fontes de financiamento | Funding sources: nenhuma | none.
Contributos: JM: Revisão da
literatura; redação do manuscrito. SQ:
Discussão; revisão do manuscrito. MP: Discussão; revisão do
manuscrito. MO: Discussão; revisão do manuscrito.
Almeida, A., & Gouveia, P. (2016).
Ciberbullying: O papel dos pares, da família e da escola [Cyberbullying: The
role of peers, family and school]. In I. Patrão & D. Sampaio (Eds.). Dependências online: O poder
das tecnologias [Online addictions: The power of technology] (1st ed.,
pp. 75-95). Lisboa: Pactor.
Amado, J., Matos, A., Pessoa, T., & Jäger,
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[Cyberbullying: A challenge to research and training]. Interacções,
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working with victims, students, and families. Journal of School Nursing,
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