Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social 2019 Vol. 6 (2):
69-81
Portuguese Journal of
Behavioral and Social Research 2019 Vol. 6 (2): 69-81
Departamento de Investigação & Desenvolvimento • Instituto Superior
Miguel Torga
ARTIGO ORIGINAL
Articulação do serviço social hospitalar com
a rede de apoio informal em cuidados continuados
Mediation between hospital social work and the informal support network
in continuing healthcare
Paula Macedo (1)
Sónia Guadalupe (2,3)
(1) Hospital Distrital de Pombal do Centro Hospitalar de Leiria,
Portugal
(2) Instituto Superior Miguel
Torga, Centro de Investigação Interdisciplinar Psicossocial, Portugal
(3) Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra, Portugal
Recebido: 03/11/2020; Revisto: 16/11/2020; Aceite: 21/11/2020.
https://doi.org/10.31211/rpics.2020.6.1.189
Objetivo: O estudo teve como objetivo analisar a articulação
entre a saúde e o apoio social informal no âmbito da continuidade de cuidados. Participantes:
Participaram 57 doentes referenciados em 2019 por um hospital para a Rede
Nacional de Cuidados Continuados Integrados em Portugal. A amostra era maioritariamente
do sexo feminino (63,2%; n = 36), com uma média de idades de 80 anos (DP
= 9,2), predominantemente de residência rural (64,9%; n = 37), casada
(56,1%; n = 32), em que 35,0% vivia só (n = 20). Método:
Estudo descritivo com análise quantitativa univariada
e análise categorial do conteúdo dos registos no processo social. Resultados:
Dos 57 doentes referenciados para a Rede, registaram-se óbitos e cancelamentos
em 32 casos (56,1%). Dos 25 doentes que tiveram alta da Rede, no pós-alta todos
necessitavam de apoio informal e/ou formal, enquanto que à data de
referenciação hospitalar apenas 20,0% da amostra necessitava de apoio (p
< 0,001). Dos que tinham apoio, cerca de um terço tinha apoio da rede social
primária, maioritariamente dos filhos e cerca de metade dos doentes tinha
filhos emigrantes. No pós-alta 64,0% (n = 16 dos 25) tinham apoio
informal. Verificámos ainda que 8,8% dos doentes eram cuidadores e passaram a
necessitar de cuidados. Conclusão: O estudo confirma a importância de
assegurar cuidados continuados aos cidadãos que viram a sua vulnerabilidade
aumentada por doença com sequelas, assim como a fulcral articulação com o
sistema de apoio informal aos doentes.
Palavras-Chave: Cuidados Continuados; Serviço Social;
Saúde; Envelhecimento; Apoio social informal.
Objective: The study aimed to
analyze the mediation between healthcare and informal social support in the
continuing healthcare process. Participants: fifty-seven patients were
referred in 2019 by a hospital to the Rede Nacional de Cuidados
Continuados Integrados in
Portugal (a continuing healthcare services network). The sample was mostly
female (63.2%; n = 36), with an average age of 80 years old (DP =
9.2), predominantly from rural areas (64.9%; n = 37), married (56.1%; n
= 32), and 35.0% lived alone (n = 20).
Methods: Descriptive study with univariate quantitative analysis
and categorical content analysis of social work data. Results: Of the 57
patients referred to the Network, deaths and cancellations were registered in
32 cases (56.1%). Of the 25 patients discharged from the Network in the
post-discharge period, all needed informal and/or formal support, while at the
hospital referral date, only 20.0% of the sample needed support (p <
.001). Of those who had support, about a third had support from the primary
social network, mostly from their sons or daughters, and about half of the
patients had emigrant children. At post-discharge 64.0% (n = 16 out of
25) had informal support. We also found that 8.8% of the patients were
caregivers and began to require care. Conclusion: The study confirms the
importance of ensuring continued care for citizens who have seen their
vulnerability increased by illness, as well as the centrality of the informal
support system for patients.
Keywords: Continuing
healthcare; Social work; Health; Aging; Informal social support.
A esfera dos cuidados informais sofre uma pressão
crescente na relação com os sistemas de saúde. As alterações demográficas, com
o aumento tendencial da população idosa e do envelhecimento populacional, a
crescente prevalência de doenças crónicas, o aumento da morbilidade de evolução
prolongada associadas a elevados graus de incapacidade e de dependência
funcional (Cabral, 2013), a par das alterações na
estrutura familiar e dos desafios de conciliação entre a vida profissional e os
cuidados informais em família (Soeiro et al., 2020; Fronteira et al., 2019), determinaram a criação de respostas
intersectoriais ajustadas às necessidades de saúde e sociais.
Na relação intergeracional, são cada vez
menos para cuidar de mais, ainda que se mantenha a tendência de
responsabilização da família como principal sistema de cuidados e de provisão
social informal, sobretudo no âmbito de sociedades familistas
típicas dos países do sul da Europa (Guadalupe &
Cardoso, 2018; Portugal, 2014). As famílias são
hoje mais pequenas (de 3,1 pessoas para 2,5 pessoas em menos de 30 anos);
encontram-se repartidas por mais agregados domésticos (que são agora quase mais
1 milhão do que em 1992); há mais pessoas a viver sós (mais 132% em 27 anos,
entre 1992 e 2019), particularmente pessoas com 65 ou mais (os agregados
unipessoais cresceram 112% em 28 anos, entre 1991 e 2019), tendo aumentado
59,0% os casais sem filhos em 27 anos (entre 1992 e 2019) (Pordata, 2020). A par, verifica-se uma taxa de
cobertura de respostas sociais para a população idosa de 12,6%, com uma taxa de
utilização média de 77,0% para todas as tipologias de respostas, apresentando
as Estruturas Residenciais para as Pessoas Idosos uma taxa de ocupação de 93,0%
(Gabinete de Estratégia e
Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade
e Segurança Social, 2019), o que indica uma
insuficiência de respostas a nível geral na comunidade e uma notória
sobreocupação de respostas que asseguram cuidados permanentes a esta população,
particularmente na vertente residencial.
A doença é uma experiência universal ao longo
do ciclo de vida, assim como a necessidade de cuidados de terceiros. Se esta
necessidade de cuidados é frequentemente transitória, na população mais
envelhecida tende a ser mais permanente, dadas as características da
senescência e de morbilidade que se associam frequentemente às idades mais
avançadas. Estabelece-se uma relação contínua entre os processos de
envelhecimento saudável e patológico nos desafios da longevidade, reportando
aqui às ideias de envelhecimento secundário e terciário, com doença e declínio
funcional e cognitivo, respetivamente (Lima, 2010).
Note-se que Portugal registou, em 2018, uma média de anos saudáveis após os 65
anos de idade abaixo da média da União Europeia (7,8 vs. 9,8 anos), tendo a
Suécia registado precisamente o dobro dos anos de expectativa de vida saudável
entre a população idosa, do que Portugal (15,6 anos) (Pordata, 2020).
Emerge, neste contexto demograficamente
desafiante, o papel essencial do sistema de saúde, nos seus diferentes níveis
de cuidados: primários, hospitalares, continuados e paliativos. Para assegurar
o terceiro nível de cuidados, surge a Rede Nacional de Cuidados Continuados
Integrados (RNCCI) com o objetivo de promover a continuidade da prestação de
cuidados de saúde e de apoio social, em 2006[1].
Implementa-se um modelo de prestação de cuidados centrados no doente,
desenvolvido por dois setores com responsabilidades fundamentais de intervenção
para favorecer o bem-estar social em Portugal: o Serviço Nacional de Saúde
(SNS) e o Sistema de Segurança Social. Os cuidados continuados integrados (CCI)
têm em vista ganhos em saúde, focando a recuperação global da pessoa,
promovendo a sua autonomia e aumentando a sua funcionalidade, no âmbito da
situação de dependência em que se encontra, com a intenção da sua reintegração
sociofamiliar.
Esta rede compreende cuidados de natureza
preventiva e reabilitadora, constituindo um nível de cuidados de saúde e de
apoio social entre o internamento hospitalar e os cuidados de base comunitária.
A importância de assegurar a continuidade dos cuidados
de saúde a doentes dependentes, bem como assegurar o seu suporte informal ou
formal, são pontos fundamentais na preparação de alta hospitalar dos doentes
pelo Serviço Social. O assistente social integra, assim, uma equipa
multidisciplinar de Gestão de Altas (EGA)[2]
no âmbito da RNCCI e assume um papel central no planeamento da alta a nível
hospitalar. A intervenção social que daqui decorre tem por base a qualidade e a
adequabilidade à situação problema e ao contexto do cidadão, e é perspetivada holisticamente.
A triangulação entre o doente, a família, a
equipa clínica, e as entidades comunitárias, torna-se, assim, central no
processo de estudo e planificação da intervenção em Serviço Social entre o
planeamento da alta dos cuidados de saúde e o planeamento da continuidade de
cuidados na comunidade (Masfret, 2012).
Neste contexto, a articulação entre o Serviço Social e o apoio social informal
ganha uma especial atenção. Na conceptualização da RNCCI, é salientada a
importância da família, a par de outros agentes da sociedade, na garantia dos
cuidados. É ainda sublinhada a necessidade de reforço das capacidades e das
competências das famílias, assim como o reconhecimento da importância da
conciliação das obrigações da vida profissional com o acompanhamento familiar
aos doentes[3].
Ainda que a rede de suporte inclua a família
e outros campos relacionais, tais como os amigos, a vizinhança, as relações de
trabalho e as relações institucionais com serviços sociais e de saúde, em
Portugal a família é “quase sempre tida enquanto principal reduto de suporte em
caso de vulnerabilidade, sobretudo na doença”, constituindo-se como “núcleo
duro da rede primária de suporte social” (Guadalupe,
2012, p. 186). Quando remetemos para
a esfera dos cuidados, a família é tida enquanto o centro e o garante dos
cuidados aos idosos e dependentes, constituindo os cuidados prestados pelos
seus membros, muitas vezes, a única e principal prestação dos cuidados
informais necessários (Carvalho, 2015; Pimentel, 2012; Portugal, 2014).
Segundo Soeiro et al. (2020, p. 58), a glorificação
da família nos cuidados desloca a responsabilidade coletiva e estatal na
prestação de cuidados para as redes informais, funcionando como suas
substitutivas. Estima-se que cerca de 12,5% da população portuguesa esteja
envolvida em cuidados informais, isto é, cerca de 1 milhão a 1 milhão e cem mil
(Eurocarers, 2020; European Union, 2018),
essencialmente assegurados por mulheres (e.g., Soeiro et
al., 2020), o que permite uma aproximação à dimensão do universo de cuidados
informais.
Apesar de, na sua ação, o Serviço Social
hospitalar estabelecer uma estreita articulação com as redes de apoio formal, é
com a rede informal que estabelece uma relação direta em primeira instância.
Assim, o presente estudo tem por objetivo a análise da articulação com as redes
de apoio informal no contexto da continuidade de cuidados a pessoas idosas, com
base na análise de dados dos processos sociais de utentes referenciados para
RNCCI a partir do hospital. Pretende compreender-se se a continuidade de
cuidados de saúde na comunidade depende eminentemente do apoio informal
relativamente ao sistema de saúde e às respostas formais.
Tipo de Estudo
Este consistiu num
estudo descritivo com análise quantitativa univariada,
partindo dos registos estatísticos disponíveis acerca dos participantes e da
análise categorial de conteúdo dos registos nos processos sociais.
Procedimentos e Questões Éticas na Recolha de
Informação
Na recolha de
informação e de análise documental, os procedimentos foram pautados de acordo
com princípios éticos e deontológicos[4]. A recolha de dados foi
realizada a partir dos processos do Serviço Social hospitalar e a informação
social que consta da plataforma SI-RNCCI (aplicativo de monitorização da RNCCI)
onde se procede à inscrição e referenciação dos doentes, sendo utilizada pela
Equipa de Gestão de Altas (EGA)[5]
hospitalar. Os dados recolhidos na SI-RNCCI estavam previamente categorizados,
os restantes dados, que contavam dos registos nos processos sociais do Serviço
Social do hospital, foram sujeitos a análise categorial de conteúdo para
posterior quantificação. Assim, efetuámos a análise dos processos sociais, a
análise dos registos efetuados no processo de continuidade de cuidados e de
destino pós-alta, bem como a caraterização do suporte social informal e formal.
Estas análises referem-se a três momentos: durante o internamento hospitalar, à
data da referenciação para a RNCCI, e no pós-alta de Unidades da RNCCI. O
estudo foi aprovado pelo Centro de Investigação e aprovado pela Comissão de
Ética do hospital (Processo com Ref. CE n.º 24/20) e
pelo Conselho de Administração do Centro Hospitalar (Ata n.º 26 de 15 de julho
de 2020).
Amostragem
A amostragem foi não probabilística
intencional (Ribeiro, 2007). A amostra ficou
constituída por doentes sinalizados pela EGA e referenciados para a RNCCI a
partir do movimento assistencial do Serviço de Medicina de um hospital do
Serviço Nacional de Saúde, que integra um centro hospitalar da Região Centro de
Portugal, no ano civil de 2019. De 923 doentes internados durante o ano de 2019
no serviço atrás mencionado, foram sinalizados 57 doentes para a RNCCI, o que
representa 6,2%, da totalidade.
Participantes
A amostra incluiu
57 doentes (Tabela 1). A maior parte dos doentes
sinalizados era do sexo feminino, representando 63,2% da amostra (n = 36).
As idades variaram entre os 50 e os 93 anos de idade, sendo sobretudo da faixa
etária dos idosos de idade avançada (40,4%; n = 23), com uma média de 80
anos. A maior parte residia em contexto rural (64,9%; n = 37) e quase
todos os doentes residiam em habitação própria, à exceção de três doentes que
moravam em habitação arrendada e um em habitação cedida por familiar.
Relativamente ao estado civil, 56,1% (n = 32) eram casados, seguindo-se
os viúvos (31,6%; n = 18).
|
Características Sociodemográficas |
|
||||
|
|
|
N = 57 |
% |
Descritivas |
|
|
Sexo |
Feminino |
36 |
63,2 |
Mo = Feminino |
|
|
Masculino |
21 |
36,8 |
|
||
|
Grupo Etário |
< 65 anos |
4 |
7,0 |
M = 80,14 |
|
|
65-74 anos
(idoso jovem) |
9 |
15,8 |
DP = 9,206 |
|
|
|
75-84 anos
(idoso-idoso) |
21 |
36,8 |
Mínimo = 50 |
|
|
|
85 + anos (idoso
de idade avançada) |
23 |
40,4 |
Máximo = 93 |
|
|
|
Residência |
Zona Rural |
37 |
64,9 |
Mo = rural |
|
|
Zona Urbana |
20 |
35,1 |
|
||
|
Estado Civil |
Solteiro |
4 |
7,0 |
Mo = casado |
|
|
Casado |
32 |
56,1 |
|
||
|
Viúvo |
18 |
31,6 |
|
||
|
Divorciado |
3 |
5,3 |
|
||
|
Nota. N = frequência; Mo =
moda; M = média; DP = desvio-padrão. |
|
Na Tabela 2 apresentamos os doentes referenciados para Unidades
ou Equipas da RNCCI pelas diferentes tipologias. Dos 57 doentes referenciados,
a maioria (58%; n = 33) tinha critérios específicos para admissão em
Unidade Média Duração e Reabilitação (UMDR). Os restantes 21,0% (n = 12)
apresentavam critérios para Unidade de Convalescença. Para Unidade Longa
Duração e Manutenção (ULDM) foram referenciados 12,2% (n = 7), e 8,8% (n
= 5) para Equipas de Cuidados Continuados (ECCI). Verificamos que a maioria
dos doentes (91,2%; n = 52), apresentava critérios de referenciação para
internamento na RNCCI, e 8,8% (n = 5) para manutenção no domicílio com
apoio de ECCI.
Dos 57 doentes
sinalizados, foram colocados e admitidos nas Unidades de RNCCI 34 doentes
(59,7%). Houve 24,6% (n = 14) de processos cancelados. Desses, metade (n
= 7), foram cancelados pela EGA devido a fatores como alta clínica, e/ou recusa
dos doentes por se sentirem recuperados. A outra metade (n = 7) foi cancelada
pela Equipa Coordenadora Local da Rede, sobretudo devido a aspetos relacionados
com divergências de critérios clínicos de referenciação. A demora média entre a
referenciação pela EGA e a admissão nas Unidades foi de 20,6 dias.
No decorrer do
processo de referenciação ou a aguardar vaga para admissão na RNCCI, houve
15,7% de óbitos, tendo-se registado 26,5% de óbitos durante o internamento em
RNCCI, tendo falecido 42,2% dos sujeitos da amostra.
Na Tabela 3 pode verificar-se que 35,0% (n = 20) dos utentes
viviam sozinhos (famílias unipessoais). A maior parte (45,6%; n = 26)
vivia em casal, 7,1% (n = 7) vivia no contexto do que considerámos
família cuidadora, isto é, necessitava de cuidados e vivia com os seus
cuidadores. Em família nuclear viviam quatro doentes, mantendo-se os filhos no
domicílio dos pais. Salientamos que 8,8% (n = 5) dos doentes da presente
amostra eram cuidadores de familiares (7 dos cônjuges e 1 da mãe) previamente
ao episódio de doença que originou o internamento hospitalar.
As entrevistas de
avaliação social foram efetuadas com a rede social primária dos doentes,
nomeadamente: com filhos (38,0%; n = 8), com cônjuge e filhos (14,1%; n
= 8), só com cônjuge (7,1%; n = 4), com amigos/vizinhos (5,3%; n = 3),
e com sobrinhos, com cônjuge e irmãos/cunhados, com filhos e irmãos/cunhados, e
só com irmãos (respetivamente, 1,7%; n = 1). Sendo os/as filhos/as que
representavam o apoio social informal dos doentes da presente amostra, é de
referir que a maioria dos doentes tinha filhos/as (91,2%), 40,4% tinha dois
filhos.
Verificámos ainda
que dos doentes com filhos, 42,1% (n = 24) tinham filhos emigrantes,
sendo que desses, 19,5% (n = 11) tinham todos os filhos no estrangeiro.
Ou seja, do universo dos doentes que tinham filhos emigrantes, em 46,0% todos
os filhos eram emigrantes.
|
Família,
Número de Filhos e Elementos da Rede Social Primária |
|
|||
|
|
|
N = 57 |
% |
|
|
Família |
Unipessoal |
20 |
35 |
|
|
Casal |
26 |
45,6 |
|
|
|
Família cuidadora |
7 |
12,3 |
|
|
|
|
Nuclear com
filhos adultos |
4 |
7,1 |
|
|
Número de filhos |
Sem filhos |
5 |
8,8 |
|
|
1 filho |
13 |
22,8 |
|
|
|
2 filhos |
23 |
40,4 |
|
|
|
3 filhos |
9 |
15,8 |
|
|
|
4 filhos |
6 |
10,5 |
|
|
|
+ de 4 filhos |
4 |
1,7 |
|
|
|
Filhos emigrados |
Sem filhos
emigrantes |
33 |
57,9 |
|
|
Com filhos
emigrantes |
24 |
42,1 |
|
|
|
Elementos da rede social primária |
Cônjuge |
4 |
7,1 |
|
|
Cônjuge e Filhos |
8 |
14,1 |
|
|
|
Filhos |
38 |
66,7 |
|
|
|
Sobrinhos |
1 |
1,7 |
|
|
|
Cônjuge e
irmãos/cunhados |
1 |
1,7 |
|
|
|
Filhos e
irmãos/cunhados |
1 |
1,7 |
|
|
|
Amigos/vizinhos |
3 |
5,3 |
|
|
|
Irmãos |
1 |
1,7 |
|
Como referimos antes,
dos 57 doentes referenciados pelo hospital para a rede, registaram-se 14
cancelamentos e nove óbitos antes do ingresso na rede, tendo havido mais nove
óbitos durante o internamento em unidades da rede, num total de 32 casos
(56,1%). Dos 25 sujeitos que tiveram alta da RNCCI (43,9% da amostra), todos
apresentavam necessidade de apoio no pós-alta, ao contrário da situação
verificada à data da referenciação para a rede, em que apenas 20,0% tinha
apoio, havendo uma diferença significativa entre a distribuição pelos dois
momentos (p = 0,001). Na presente amostra, a totalidade dos doentes com
alta da RNCCI teve necessidade da prestação de cuidados. A maior parte teve
apoio informal (44,0%; n = 11), 36,0% (n = 9) teve apoio formal,
e 20,0% (n = 5) teve apoio informal e formal. Verificamos, assim, que
64,0% (n = 16) tiveram apoio informal (Tabela 4).
Note-se que entre
doentes que não necessitavam de cuidados, 58,3% (n = 14) tinham filhos
emigrados. Os doentes que precisavam da prestação de cuidados, 28,1% (n
= 16) era prestada por cuidadores informais, e desses, 75,0% (n = 12),
não tinha filhos emigrados.
|
Apoio Formal e
Informal à Data da Referenciação e Apoio no Pós-Alta da RNCCI |
|
|||||
|
|
Apoio à data da
referenciação para a RNCCI |
Apoio no pós-alta da
RNCCI |
|
|
||
|
Avaliação da amostra total |
n |
% |
n |
% |
|
|
|
Sem necessidade
de apoio |
24 |
42,1 |
0 |
0,0 |
— |
|
|
Sem apoio |
3 |
5,3 |
0 |
0,0 |
|
|
|
Com apoio
informal |
16 |
28,1 |
11 |
19,3 |
|
|
|
Com apoio formal |
11 |
19,2 |
9 |
15,8 |
|
|
|
Com apoio formal
e apoio informal |
3 |
5,3 |
5 |
8,8 |
|
|
|
Cancelamentos e
óbitos |
0 |
0,0 |
32 |
56,1 |
|
|
|
Total |
57 |
100 |
57 |
100 |
|
|
|
Avaliação da subamostra com alta |
n |
% |
n |
% |
|
|
|
Sem necessidade
de apoio |
18 |
72,0 |
0 |
0,0 |
— |
|
|
Sem apoio |
2 |
8,0 |
0 |
0,0 |
|
|
|
Com apoio
informal |
3 |
12,0 |
11 |
44,0 |
|
|
|
Com apoio formal |
2 |
8,0 |
9 |
36,0 |
|
|
|
Com apoio formal
e apoio informal |
0 |
0,0 |
5 |
20,0 |
|
|
|
Total |
25 |
100 |
25 |
100 |
|
|
|
Avaliação dicotomizada da subamostra com alta |
n |
% |
n |
% |
|
|
|
Sem apoio |
20 |
80,0 |
0 |
0,0 |
p < 0,001a |
|
|
Com apoio |
5 |
20,0 |
25 |
100 |
|
|
|
Total |
25 |
100 |
25 |
100 |
|
|
|
Nota. a McNemar
Test. |
|
Para aferir da necessidade
da prestação dos cuidados a nível das atividades de vida diária aquando da
referenciação na RNCCI, recorremos à avaliação de âmbito social efetuada
através da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
(CIF) (Organização
Mundial de Saúde [OMS], 2014), realizada no momento da referenciação
pela EGA[6].
Na Tabela 5 verificamos que mais de metade dos 25 utentes avaliados
tinha dificuldade completa na maioria dos qualificadores, aquando da
referenciação pela EGA. Segundo a avaliação da CIF, representa a percentagem de
96–100%, seguindo-se a dificuldade grave, que representa 50–95%, e a
dificuldade moderada que representa 25–49,0%. Só 12,0% (n = 3) tinha
dificuldade ligeira, registando-se no qualificador de comer. Sessenta por cento
(n = 15) apresentavam dificuldade completa na capacidade de se vestir e
mais de metade dos doentes apresentavam dificuldade completa no qualificador da
mobilidade (andar ou movimentar-se) (n = 14; 56,0%) e de cuidar da
própria saúde (n = 14; 56,0%).
|
Qualificadores
de Atividade e Participação Avaliados pela Classificação Internacional da
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde |
|
||||||||||||
|
Qualificador/dificuldade |
D460 |
D510 |
D520 |
D540 |
D550 |
D570 |
|
||||||
|
n |
% |
n |
% |
n |
% |
n |
% |
n |
% |
n |
% |
|
|
|
Completa (96
- 100%) |
14 |
56,0 |
13 |
52,0 |
12 |
48,0 |
15 |
60,0 |
8 |
32,0 |
14 |
56,0 |
|
|
Grave (50 -
95%) |
8 |
32,0 |
9 |
36,0 |
9 |
36,0 |
5 |
20,0 |
8 |
32,0 |
9 |
36,0 |
|
|
Moderada (25
- 49%) |
3 |
12,0 |
3 |
12,0 |
4 |
16,0 |
5 |
20,0 |
3 |
12,0 |
2 |
8,0 |
|
|
Ligeira (5 -
24%) |
0 |
0,0 |
0 |
0,0 |
0 |
0,0 |
0 |
0,0 |
3 |
12,0 |
0 |
0,0 |
|
|
Nenhuma (0 -
4%) |
0 |
0,0 |
0 |
0,0 |
0 |
0,0 |
0 |
0,0 |
3 |
12,0 |
0 |
0,0 |
|
|
Total |
25 |
100 |
25 |
100 |
25 |
100 |
25 |
100 |
25 |
100 |
25 |
100 |
|
|
Nota. Qualificadores:
andar ou movimentar-se (d460); lavar-se (d510); cuidar de partes do corpo
(d520); vestir-se (d540); comer (d550); cuidar da própria saúde (d570). |
|
A partir de um estudo de doentes sinalizados e referenciados pelo
hospital para a RNCCI, perspetiva-se a articulação entre a saúde e o apoio
social informal no âmbito na continuidade de cuidados.
A amostra concentra-se nas idades mais avançadas (75+ anos), sendo
relevante referir que o índice de envelhecimento no concelho de abrangência do
hospital onde o estudo foi realizado é superior ao índice nacional (210,6
idosos por cada 100 jovens no concelho vs. 161,3 a nível nacional –
dados de 2019; Pordata, 2020). A nível nacional, a população abrangida
pela RNCCI em 2018 tinha idade superior a 65 anos (83,7%), representando 50,7% a
população com idade superior a 80 anos, sobretudo mulheres (55,9%), casados
(46,5%) ou viúvos 36,9%, o que situa a presente amostra nas características
dominantes do movimento assistencial da rede (Administração Central do Sistema de Saúde
[ACSS], 2018).
Relativamente à coabitação, a maior parte vive em casal, e 12,3% no
contexto do que denominamos família cuidadora, vivendo com familiares que lhes
prestam cuidados. Na amostra havia 35,0% doentes que
viviam sós, valor superior aos 26,0% registados no âmbito da RNCCI em 2018
(ACSS, 2018) ou dos 22,5% de agregados unipessoais a
nível nacional em 2019 (Pordata,
2020).
Salienta-se a importância da família, antes, durante e após o
internamento hospitalar, designadamente durante a sinalização e a
referenciação, a admissão e o internamento na RNCCI, assim como no pós-alta das
unidades da RNCCI. Reconhece-se que são atribuídas às famílias acrescidos
níveis de responsabilização nos apoios solicitados aos familiares que carecem
de cuidados em todas as fases deste processo. Tal é motivo de preocupação,
pois, por outro lado, verifica-se que lhes “são dadas cada vez menos condições
concretas para que exerçam efetivamente tais responsabilidades” (Guadalupe & Cardoso, 2018, p. 226).
Em Portugal têm-se verificado múltiplas alterações sociodemográficas e
mutações na estrutura familiar. Todavia, o sistema familiar continua a
assumir-se como o centro da solidariedade interpessoal e intergeracional,
assegurando o bem-estar e os cuidados necessários dos seus parentes idosos
dependentes, como se confirma no presente estudo. A
maior parte dos indivíduos da amostra não necessitava de cuidados ou de apoio
previamente ao internamento hospitalar; entre os que precisavam de apoio, a
maioria tinha apoio informal. Já aquando da alta da RNCCI, 64,0% têm apoio
informal em contexto domiciliário. A nível nacional, 77,0% do destino
pós-alta da RNCCI foi para o domicílio (ACSS, 2018), não havendo, no entanto, informação sobre a continuidade dos apoios
necessários a assegurar aos doentes.
Após o internamento em RNCCI não foi possível obter dados concretos, no
entanto segundo dados de monitorização da RNCCI, os
objetivos da intervenção planeada foram concretizados em 76,0% dos registos (ACSS, 2018).
No presente estudo a maior percentagem dos doentes tem doenças com
sequelas permanentes, associando-se níveis de incapacidade relevantes, que
requerem cuidados continuados que não se esgotam na RNCCI. Por isso,
considera-se muito importante garantir a avaliação da funcionalidade dos
doentes aquando da alta da RNCCI, assim como a avaliação do suporte social
disponível e das condições efetivas da rede informal para assegurar esse
suporte com qualidade. Os cuidados continuados devem ser, como o nome indica,
continuados e não adiados. É sublinhada esta ideia porque o direito a este
nível de cuidados não deve cessar com a alta do internamento em unidades da
RNCCI, sendo de repensar a ideia da alta em cuidados continuados enquanto
cuidados sociais e de saúde na comunidade.
Se antes da doença que originou o internamento hospitalar, a maior
parte dos doentes da amostra não necessita da prestação de cuidados,
posteriormente, a maior parte apresenta a avaliação de dificuldade completa no
desempenho das AVD. Quando a dependência não cessa, não devem também cessar os
cuidados continuados, evitando a transferência de responsabilidades no cuidar
para sistemas de apoio informal e para os cuidados sociais do formal fora da
esfera pública do sistema de saúde.
No presente estudo o apoio informal é prestado,
na sua maior parte, pelos filhos dos doentes, o que vai ao encontro de
outros estudos (e.g., Alves et
al., 2020) e do afirmado
por Pimentel (2012, p. 70): “os
filhos, e mais especificamente as filhas e as noras, surgem como a principal
fonte de apoio aos seus parentes idosos”. Tendo verificado que na presente
amostra havia uma representatividade de filhos emigrados, o que estabelece
barreiras de acesso à rede de suporte intergeracional. Dos
doentes com filhos, 42,1% tinham filhos emigrantes, sendo que 19,5% tinham
todos os filhos no estrangeiro; do universo dos que tinham filhos emigrantes,
46%, todos os filhos eram emigrantes. Face ao contingente de emigrantes
portugueses e aos fluxos de saída do país na última década, a emigração coloca
desafios concretos no que concerne ao apoio das gerações mais velhas, atendendo
à ao papel fulcral dos filhos enquanto fontes de apoio informal.
Um estudo de Pego e Nunes (2018) sobre o
cuidado informal de longa duração em Portugal, revela que este se centra na
população idosa dependente, sendo assegurada sobretudo por filhos. As autoras
chamaram a atenção para uma proporção significativa de idosos dependentes sem
qualquer tipo de cuidado informal, apontando a insustentabilidade do atual
modelo de cuidados baseado no setor informal de cuidados de longo prazo,
colocando idosos e cuidadores numa situação crítica e alarmante.
Portugal tem, por seu lado, uma das maiores percentagens de cuidadores corresidentes a nível Europeu a assegurarem cuidado a um
membro do agregado familiar (Barbosa et al., 2020),
o que torna pouco visível o mundo dos cuidados. Salientamos, por isso, o facto
de verificarmos, no presente estudo, que pessoas idosas
tendem a cuidar de pessoas idosas, pois 8,8% dos doentes eram cuidadores de
familiares, sendo 7,1% destes os principais e únicos cuidadores dos seus
cônjuges. Esta é uma situação que se verifica
frequentemente e com impactes multidimensionais. Cuidar na conjugalidade é uma
atividade solitária e com parca retaguarda, como indicam Ornstein et al. (2019). Note-se que 8,8% da amostra passou de
cuidador a pessoa com necessidade de cuidados, com todas as suas implicações.
A articulação com os apoios formais é também muito relevante nestes
processos, sobretudo com respostas sociais de centro de dia e de serviço de
apoio domiciliário, a representatividade é de 19,3% no apoio prévio e de 36% no
apoio posterior. A nível nacional, e segundo os dados para a RNCCI, o destino
pós-alta das Unidades registado para respostas sociais representou 10% (ACSS, 2018).
Quando os cuidados são partilhados entre a família e os serviços de
apoio social, são obtidos melhores ganhos quer para o doente quer para a
família, uma vez que reduz a sobrecarga do cuidador (Petronilho,
2007). Além disso, o cuidado
informal intergeracional à geração mais idosa, tem impactes multidimensionais
na vida de todos os envolvidos nos cuidados. A cooperação entre o apoio social
formal e informal é desejável em quase todas as situações, sendo o Serviço
Social um construtor privilegiado de articulações e mediações. No entanto, apenas 5,3% dos doentes eram apoiados formal e
informalmente, simultaneamente no momento de sinalização, passando para 20,0%
posteriormente ao internamento em Unidades de RNCCI. Questionamo-nos sobre
as razões desta realidade: serão as respostas sociais existentes desadequadas
às necessidades sentidas ou não são acessíveis para a maioria?
Os cuidados continuados assentam numa perspetiva de welfare mix em que se procura responsabilizar agentes públicos e privados, formais
e informais (Carvalho,
2012). Trata-se de um
modelo simultaneamente encarado como revelador de fracasso da provisão social
do Estado, no que concerne à capacidade de tornar possível a realização dos
direitos sociais, quando considerada uma responsabilidade do próprio Estado (Pereirinha,
1997).
A indefinida política de cuidados em Portugal tem deixado a descoberto
uma pluralidade de necessidades dos doentes e dos seus cuidadores (Alves et al., 2020) que colocam em causa a saúde, numa
perspetiva holística, e que degradam condições de vida que constituem
determinantes da saúde e da doença. Uma das necessidades não cobertas
assinaladas por estes autores é financeira. Não pode, assim, ser ignorado no
atual estudo, que os encargos relativos a cuidados de saúde são de
responsabilidade estatal na RNCCI, mas que o utente suporta, os encargos
decorrentes da prestação dos cuidados de apoio social[7],
com comparticipação da segurança social. Ainda que o acesso à rede seja através
de prescrição de equipas de um SNS público, universal e tendencialmente
gratuito; as características da RNCCI introduzem copagamentos em parte do
sistema de cuidados continuados. Para os doentes e familiares, estes encargos
financeiros associados à integração nalgumas tipologias da RNCCI, sobrecarregam
as despesas do agregado familiar.
Considera-se que constitui potencialmente um obstáculo relevante para o
acesso a parte deste nível de cuidados, tal como focado frequentemente pelos
familiares nas entrevistas sociais. Este é um motivo de desistência dos
processos, no entanto, nem sempre ficam claras as razões de recusa de
integração na RNCCI por parte dos doentes ou das famílias. Soeiro et al. (2020) defendem que é fundamental equiparar
cuidados sociais a cuidados de saúde, assumindo ambos como responsabilidade de
provisão social pública, enquanto medida prioritária de uma nova política de cuidados.
A aprovação recente do Estatuto do Cuidador Informal em Portugal vem
regular “os direitos e os deveres do cuidador e da pessoa cuidada” (Lei n.º
100/2019, art.º 1). Apesar de surgir tardiamente, a lei representa um avanço
significativo, deixando em aberto vários desafios que se colocam ao suporte
social informal futuramente (Fronteira et al., 2019).
Considera-se que a RNCCI deveria ter também em consideração a perspetiva e a
efetiva participação dos doentes e dos familiares. Incluir a visão dos doentes
e familiares é não só uma questão de cidadania, como também a garantia de que
os serviços irão corresponder às necessidades reais das pessoas a quem se
dirigem, tomando-os como agentes ativos no processo.
A vulnerabilidade social do grupo populacional das pessoas idosas
remete-nos para um amplo conjunto de complexos determinantes sociais
estruturais, conjunturais e individuais que se conjugam na exposição ao risco
social. São disso exemplo, limitações e perda da funcionalidade, perdas
relacionais e isolamento social, o corte com o mundo do trabalho e a diminuição
da participação social, assim como possíveis quebras financeiras (Guadalupe & Cardoso, 2018). Tais dimensões não encontram resposta nem se esgotam nos e com os
cuidados continuados, na forma como se encontram hoje estruturados.
Apesar de o estudo ter limitações amostrais e nos dados disponíveis,
assim como uma delimitação contextual restrita, não permitindo a generalização dos
resultados ou das suas implicações, deixa um contributo no sentido da
reafirmação da fundamental articulação entre Serviço Social hospitalar e os
sistemas de apoio informal. Estreitar mediações é essencial para assegurar a
continuidade de cuidados sociais e de saúde na comunidade, havendo que repensar
e reforçar as respostas do sistema de saúde e das respostas sociais formais
comunitárias.
À narrativa de que a RNCCI presta cuidados continuados, deve ser criada
uma contranarrativa relativamente à população idosa,
que implique todos os intervenientes do setor da saúde e social, mas também as
redes primárias e secundárias, salvaguardando a sua heterogeneidade, espelhada
pelos cursos de vida e condições socioeconómicas (Guadalupe & Cardoso, 2018), e as suas necessidades efetivas de continuidade de cuidados
continuados de saúde e sociais.
Administração Central do Sistema de Saúde. (2018). Relatório de Monitorização
da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. SNS.
https://www.ipss-acaso.org/site_content/download/7004/779/38
Alves, S., Ribeiro, O., & Paúl, C. (2020). Unmet needs of informal carers of the
oldest old in Portugal. Health and Social Care in the Community, 28, 2408–2417. https://doi.org/10.1111/hsc.13063
Barbosa, F., Voss, G., & Matos, A. D. (2020). Health
impact of providing informal care in Portugal. BMC
Geriatrics, 20, Artigo
440. https://doi.org/10.1186/s12877-020-01841-z
Cabral, M. V. (Org.)
(2013). Processos de envelhecimento em Portugal. Fundação Francisco Manuel dos
Santos. https://bit.ly/2HEZFCS
Carvalho, M. I. (2012). Cuidados continuados integrados
e serviço social. Em Carvalho, M. I. (coord.) (Ed.), Serviço
social na saúde (pp. 83–110). Pactor.
Carvalho, M. I. (2015). Cuidados familiares
prestados a pessoas idosas. Em Carvalho, M. I. (Ed.), Serviço social com
famílias (pp. 239–250). Pactor.
Eurocarers. (2020). Number of
carers and existing support measures across the EU. https://eurocarers.org/about-carers/
European Union. (2018). Informal care in Europe exploring formalisation, availability and quality. https://bit.ly/3m7GKzB
Fronteira, I., Simoes,
J., & Augusto, G. (2019). Informal carer in
Portugal: Moving towards political recognition in
Portugal. European Journal
of Public Health, 29(Sup. 4),
ckz187.178. https://doi.org/10.1093/eurpub/ckz187.178
Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério
do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
(2019). Carta social – Rede de serviços e equipamentos 2018 [Relatório].
http://www.cartasocial.pt/pdf/csocial2018.pdf
Guadalupe, S. (2012). A intervenção do serviço social na saúde com
famílias e em redes de suporte social. Em Carvalho, M. I. (coord.).
Serviço social na saúde (pp. 183–217). Pactor.
Guadalupe, S., & Cardoso, J. (2018). As
redes de suporte social informal como fontes de provisão social em Portugal: o
caso da população idosa. Revista Sociedade e Estado, 33(1),
215–250. https://doi.org/10.1590/s0102-699220183301009
Lima, M. (2010). Envelhecimento(s): Estado da
arte. Imprensa da Universidade de Coimbra.
Masfret, D. C. (2012). O serviço social de saúde e o planeamento da alta para
a continuidade de cuidados na comunidade. Em Carvalho, M. I. (Ed.), Serviço
Social com Famílias (pp. 55–81). Pactor.
Organização Mundial de Saúde. (1999). Glossaire de la promocion
de la santé. Organization
Mondiale de la Santé.
http://www.quebecenforme.org/
Organização Mundial de Saúde. (2014). CIF – Classificação
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção Geral da
Saúde. https://bit.ly/2JccHIB
Ornstein, K. A., Wolff, J.
L., Bollens-Lund, E., Rahman,
O.-K., & Kelley, A. S. (2019). Spousal caregivers are caregiving alone in the last years
of life, Health Affairs, 38(6), 964–972. https://doi.org/10.1377/hlthaff.2019.00087
Pego, M. A., & Nunes, C. (2018). Aging, disability, and informal caregivers: A cross-sectional study in
Portugal. Frontiers in
Medicine, 4, Artigo 255.
https://doi.org/10.3389/fmed.2017.00255
Pereirinha, J. (1997). A (re)definição
dos direitos sociais face à crise do Estado-Providência e ao fenómeno da
exclusão social. Intervenção Social, 15/16, 131–142.
https://bit.ly/39c5P8R
Petronilho, F. A. S. (2007). Preparação do
regresso a casa. Formação e Saúde.
Pimentel, L. (2012).
Cuidar de pessoas idosas dependentes: As interseções entre a esfera pública e a
esfera privada. Rediteia, 45, 67–77.
https://bit.ly/3mdkC6N
Pordata. (2020). Base de dados de Portugal
contemporâneo. Fundação Francisco Manuel dos Santos.
https://www.pordata.pt/Home
Portugal, S. (2014). Famílias e redes
sociais. Ligações fortes na produção de bem estar.
Almedina.
Ribeiro, J. L. P. (2007). Metodologia de
investigação em psicologia e em saúde. Legis
Editora.
Soeiro, J., Araújo, M., & Figueiredo, S. (2020). Cuidar
de quem cuida – histórias e testemunhos de um trabalho invisível, um manifesto
para o futuro. Penguin Random House.
Publicação em
Acesso Aberto © 2020. O(s) Autor(es). Este é um artigo de acesso aberto distribuído
sob a Licença Creative Commons Attribution, que
permite uso, distribuição e reprodução sem restrições em qualquer meio, desde
que o trabalho original seja devidamente citado. |
Open Access Publication © 2020. The Author(s).
This is an open access article distributed under the Creative Commons
Attribution License,
which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium,
provided
the
original work is properly cited. |
[1] Cf. Decreto-Lei n.º
101/2006, de 6 de junho.
[2] Cf. Despacho n.º
7968/2011:1,2 e Decreto-lei n.º 101/2006 de 6 de junho, e Portaria 50/2017 de 2
de fevereiro.
[3] Cf. Decreto-Lei n.º
101/2006 que instituiu a RNCCI, e o Decreto-Lei n.º 281/2003, que cria a rede
de cuidados continuados de saúde. Neste decreto legislativo refere-se que, além
da prestação de cuidados de saúde em geral que a família e a comunidade social
têm constituído, devem “continuar a intervir como fatores essenciais e
indispensáveis no apoio aos seus concidadãos, nomeadamente aos mais frágeis e
carenciados” (Preâmbulo).
[4] Foi seguido o Código
Deontológico dos Assistentes Sociais, reconhecido e adotado pela Associação dos
Profissionais de Serviço Social (aprovado na Assembleia geral da APSS em 25 de
outubro de 2018), de acordo com o Código de Conduta Ética da DGS, publicado no
Aviso n.º 201/2015, do DR II série, n.º 5, de 8 de Janeiro de 2015, bem como de
acordo com o Código de Ética do CHL, aprovado em 21-05-2015, através de
deliberação do CA, ata n.º 18.
[5] A Equipa de Gestão de
Altas (EGA) é uma equipa hospitalar multidisciplinar, sediada em hospital
integrado no SNS, que avalia e confirma a proposta de referenciação dos utentes
para as unidades e equipas da RNCCI", segundo a Portaria 50/2017, tendo
sido instituída pelo Decreto Lei n.º 101/2006 (art.º 12). A EGA é de carácter
obrigatório, tal como expresso no Despacho 7968/2011: “em cada hospital do
Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem de existir uma equipa de gestão de altas”.
Na sua constituição “integram um médico, um enfermeiro e um assistente
social, podendo ainda integrar outros profissionais, nomeadamente para apoio
administrativo, sempre que o volume e a complexidade de atividades o
justificar”, sendo os profissionais que integram a EGA “designados pelo
conselho de administração do hospital e exercem as suas funções
preferencialmente em regime de tempo inteiro” (Despacho 7968/2011).
[6] Na
RNCCI esta avaliação é obrigatória para as referenciações de acordo com a
Portaria nº 50/2017, e pretende acompanhar “desde o
momento da referenciação e ao longo de toda a trajetória do utente na Rede” (Preâmbulo).
Foram analisados os qualificadores de Atividades e Participação, nomeadamente
os referentes à mobilidade: andar ou movimentar-se (d460); lavar-se (d510);
cuidar de partes do corpo (d520); vestir-se (d540); comer (d550); e, cuidar da
própria saúde (d570).
[7] Cf. Portaria nº
994/2006, art.º 7º. Na comparticipação da segurança social são contabilizados
os rendimentos do agregado familiar dos doentes (de trabalho, de capitais,
prediais, sociais, subsídios, de património mobiliário, imobiliário), não sendo
contabilizadas as despesas fixas, que todos os doentes e familiares têm,
nomeadamente os encargos com habitação, e outras despesas que alguns têm, nomeadamente
pagamento de empréstimos, seguros, etc. Além do valor