Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e
Social 2024 Vol. 10(1): 1–19
Portuguese Journal of Behavioral
and Social Research 2024 Vol. 10(1): 1–19
e-ISSN 2183-4938
Departamento de Investigação & Desenvolvimento • Instituto Superior
Miguel Torga
ARTIGO de REVISÃO
Transição para a parentalidade:
Estratégias promotoras utilizadas pelos profissionais de saúde
Transition to parenthood: Promotional strategies used by health
professionals
Andrea Victória 1,2
Catarina Costa 1,3
Marta Cordeiro 1,4
Ana Paula Santos 1
Márcio Tavares 1
Patrícia Tavares 5
1
Escola Superior de Saúde da
Universidade dos Açores, Ponta Delgada, Portugal
2
Unidade de Saúde da Ilha de
São Miguel, Centro de Saúde da Ribeira Grande, Ponta Delgada, Portugal
3 Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta
Delgada, Serviço de Obstetrícia, Ponta Delgada, Portugal
4 Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta
Delgada, Serviço de Cirurgia III, Ponta Delgada, Portugal
5 Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta
Delgada, EPER, Portugal
Recebido: 07/03/2024; Revisto:
18/04/2024; Aceite: 04/05/2024.
https://doi.org/10.31211/rpics.2024.10.1.324
Contexto: A
transição para a parentalidade é um processo multifatorial influenciado
diretamente por múltiplos intervenientes.
Objetivo: Identificar e analisar as estratégias promotoras da
transição para a parentalidade utilizadas por profissionais de saúde. Métodos:
Realizou-se uma revisão scoping conforme as indicações do Joanna Briggs
Institute. A pesquisa foi conduzida na plataforma EBSCOhost para estudos
publicados entre 2018–2023. Foram incluídos estudos empíricos focados na
transição para a parentalidade durante a gravidez. Resultados: Seis
estudos foram incluídos e analisados e os resultados foram agrupados em quatro
categorias: 1) Recursos Internos, evidenciando a confiança da mulher no seu
processo de gravidez e a utilização da rede de suporte familiar e comunitário;
2) Programas de Apoio aos Futuros Pais, destacando-se a redução do stresse e
ansiedade através da formação de grupos facilitados por profissionais de saúde;
3) Intervenções Psicológicas Coadjuvantes na Transição para a Parentalidade, evidenciando
que estas contribuem para uma transição saudável; e 4) O Marido como Elemento
de Suporte, sublinhando o papel ativo do marido no apoio emocional e na gestão
prática das tarefas. Conclusões: A transição para a parentalidade é
influenciada pela ação dos profissionais de saúde, pelo papel da mulher e do
seu companheiro. As estratégias identificadas nas quatro categorias devem ser
integradas na prática clínica para promover uma transição mais assertiva para a
parentalidade. Evidencia-se a necessidade de mais estudos focados no papel dos
homens neste processo e a inclusão de intervenções que considerem os recursos
pessoais e a rede de suporte dos indivíduos.
Palavras-Chave: Transição
para a parentalidade; Gravidez; Intervenção; Suporte; Marido; Profissionais de
saúde; Revisão scoping.
Background: The
transition to parenthood is a multifactorial process directly influenced by
multiple stakeholders. Objective: To identify and analyze healthcare
professionals' strategies promoting the transition to parenthood. Methods:
A scoping review was conducted following Joanna Briggs Institute guidelines.
The research was carried out on the EBSCOhost platform for studies published
between 2018 and 2023. Empirical studies focused on the transition to
parenthood during pregnancy were included. Results: Six studies were
included and analyzed, and the results were grouped into four categories:
Internal Resources, highlighting the woman's confidence in her pregnancy
process and the use of family and community support networks; Support Programs
for Future Parents, emphasizing the reduction of stress and anxiety through the
formation of groups facilitated by healthcare professionals; Adjunct
Psychological Interventions in the Transition to Parenthood, showing that these
contribute to a healthy transition; and the Husband as a Support Element,
underlining the active role of the husband in emotional support and practical
task management. Conclusions: The transition to parenthood is influenced
by the actions of healthcare professionals, the role of the woman, and her
partner. The strategies identified in the four categories should be integrated
into clinical practice to promote a more assertive transition to parenthood.
There is a need for further studies focused on the role of partners in this
process and the inclusion of interventions that consider individuals' personal
resources and support networks.
Keywords:
Transition to parenthood; Pregnancy; Intervention; Support; Husband; Health
professionals; Scoping review.
A transição para a parentalidade é crucial, pois marca uma
mudança significativa na vida de um indivíduo. Quando uma pessoa se torna pai
ou mãe, assume novas responsabilidades e desafios, que exigem adaptações
físicas, emocionais, psicológicas e sociais. Neste contexto, pode entender-se a
transição como um processo que ocorre num determinado período, implicando
mudanças na saúde, identidade, relacionamentos e/ou ambiente (Meleis, 2017; Meleis et al., 2000).
A preparação para a parentalidade implica uma reestruturação
de papéis que se inicia muito antes do nascimento do bebé, ainda no começo da
gravidez ou até mesmo na conceção, momento em que se começa a pensar na
possibilidade de ser mãe/pai (Pålsson et al., 2017, 2018). Sem dúvida, é uma das decisões mais
transformadoras que se pode tomar, considerada
irreversível e potencialmente capaz de desencadear um período de crise na vida
do indivíduo/família (Mendes et al.,
2022).
Diversos
fatores podem influenciar o bem-estar da mulher
ao longo do ciclo gravídico-puerperal, incluindo a sua saúde física e mental, a
rede de suporte social, as condições económicas e o acompanhamento de
profissionais de saúde competentes (Parlamento Europeu, 2013). O homem ou
parceiro afetivo, também desempenha um papel importante na transição para a
parentalidade (Daniele,
2021; Gillis et al.,
2019). Embora não
esteja documentado explicitamente como ele realiza essa transição e quais
sentimentos experimenta, ele constitui uma preocupação central para a mulher,
servindo como elemento de apoio no autocuidado e nos cuidados ao bebé no
pós-parto (Erickson et al.,
2020).
Paralelamente
ao período pré-natal da mulher, existe também um período pré-natal masculino,
que se refere à saúde masculina durante a espera do filho. O empoderamento da
figura masculina no processo de gravidez contribui significativamente para o
fortalecimento da vinculação entre pai e filho (Alio et al., 2013; Mackert et al., 2018; Santos da Mota et al., 2022).
Dado
o impacto significativo da transição para a parentalidade na vida dos
indivíduos, o papel dos profissionais de saúde
na transição para a parentalidade do casal é fornecer suporte e assistência
tanto para a mulher quanto para o homem durante todo o processo da gravidez,
parto e pós-parto (Deave & Johnson, 2008; Parfitt &
Ayers, 2014; Parlamento Europeu, 2013). Os cuidados no período
pré-natal masculino também são fundamentais e da competência dos profissionais
de saúde. Estes devem compreender a importância da participação ativa do pai
durante todo o processo, com especial atenção à sua inclusão nos procedimentos
(Mackert
et al., 2018; Santos da Mota et al., 2022; Sousa et al.,
2021).
Durante a gravidez, as equipas multidisciplinares podem
realizar o acompanhamento pré-natal, fornecendo informações e orientações sobre
os cuidados com a gestação, alimentação saudável, exercícios adequados,
consultas de vigilância e exames necessários, entre outros aspetos importantes
para uma gestação saudável (Parlamento Europeu, 2013; Perreault et al., 2018; Taylor et al., 2017).
Durante o trabalho de parto e parto, técnicas de relaxamento,
monitorização dos sinais vitais da mãe e do bebé, administração de
medicamentos, prestação de apoio emocional ao casal, surgem como exemplo de
técnicas a utilizar neste período para estimular a parentalidade (Akerman
& Dresner, 2009; Nasab et al., 2011; Parlamento Europeu, 2013; Smith et al., 2018). No
pós-parto, o profissional de saúde pode oferecer suporte abrangente para
promover a parentalidade, capacitando a mulher, o homem ou o casal no cuidado
ao recém-nascido (Olson et al., 2018). Esse suporte
pode incluir a assistência no estabelecimento da amamentação, a orientação
sobre os cuidados ao bebé, bem como a identificação e o encaminhamento de
problemas de saúde materna e infantil que possam surgir (Kuan et al., 1999). Adicionalmente, podem ser fornecidas
informações sobre a recuperação pós-parto, a saúde emocional dos pais e a
criação de um ambiente seguro e saudável para o desenvolvimento do
recém-nascido. Portanto, de modo geral, a atuação dos profissionais de saúde na
transição para a parentalidade consistirá em facilitar o processo, fornecendo
suporte físico, emocional e educacional, visando uma experiência positiva e
saudável durante a gravidez, o parto e o pós-parto (Meleis et al.,
2000).
Tornar-se pai ou mãe representa um grande desafio de
desenvolvimento, que envolve uma reorganização física, psicológica e social
significativa. Desde a conceção até à gravidez, esta adaptação é crucial para o
bem-estar materno e o ajuste global, sendo determinante para o resultado
neonatal, o desenvolvimento infantil e a relação de vinculação emergente (Bellhouse et al., 2022b). Esta transição é influenciada por
vários fatores contextuais, incluindo circunstâncias de vida, ambiente social e
stresse psicossocial, níveis de apoio do parceiro e da família, se a gravidez
foi planeada e desejada, perda gestacional anterior e saúde física da mãe e do
bebé (Bellhouse et al., 2021). A
transição para a parentalidade apresenta uma mudança substancial na vida dos
casais (Eddy & Fife, 2021; Erickson et al., 2020; Meleis et al., 2000). Muitos experimentam alegria e
felicidade durante este período; no entanto, alguns também vivenciam um aumento
do stresse e da ansiedade, bem como uma diminuição da intimidade e da
satisfação conjugal. Muitos casais não sabem como lidar eficazmente com a
transição, sentindo-se despreparados para enfrentar a mudança, o que pode
influenciar negativamente o ciclo de vida familiar e individual (Eddy & Fife, 2021).
Apesar da importância da transição para
a parentalidade, há poucos estudos que abordam o processo de transformação de
um homem em pai (Genesoni & Tallandini, 2009;
Höfner et al., 2011; Segal, 2005). A visão predominante de que o papel do pai se
resume apenas ao apoio à mulher ainda persiste (Finn
& Henwood, 2009). Embora esse papel seja importante, ele não
exclui a possibilidade de os pais assumirem outros papéis igualmente valiosos,
como o cuidado direto com o bebé e a participação ativa na educação da criança
(Pellai et al., 2013). Neste contexto, é
essencial reconhecer que tornar-se pai é um processo de desenvolvimento pessoal
que exige reorientação interior e adaptação ao novo papel (Berg & Wynne-Edwards, 2001; Finn & Henwood, 2009; Saxbe et al., 2018; Silva et al., 2021; Vidaurreta et al., 2021). A parentalidade representa uma mudança significativa no
ciclo de vida dos indivíduos e é um dos indutores mais comuns de crise. Esta
transição, caracterizada por numerosos desafios e ajustes, inicia-se durante a
gravidez, prolonga-se para o pós-parto (Parfitt &
Ayers, 2014; Saxbe et al., 2018; Tavares et al., 2019). Tornar-se mãe ou pai é frequentemente uma transição
stressante (Gutiérrez-Zotes et al., 2016; Meleis, 2017; Perren et al., 2005), que envolve processos
a longo prazo que reorganizam tanto as cognições quanto os comportamentos (Hoekzema
et al., 2016; Mendes et al., 2022; Workman et al., 2012), tornando as novas mães mais vulneráveis perante novas
circunstâncias e obstáculos (Gutiérrez-Zotes
et al., 2016; Parlamento Europeu, 2013). Um
conjunto crescente de evidências sugere que o stresse perinatal e a depressão
são expressões simbólicas de impotência que afetam negativamente a vida íntima
e social das novas mães, envolvendo a falha de vinculação com seus bebés e a
redução das interações interpessoais, tendo efeitos negativos a curto e longo
prazo sobre mães e recém-nascidos (Gutiérrez-Zotes
et al., 2016; Thiel et al., 2020). Da mesma forma, os
homens não estando preparados para esta transição, podem influenciar o
relacionamento do casal e da díade pai/filho, no desenvolvimento do bebé e de
toda a família (Philpott et al., 2017; Silva et al., 2021; Vismara et al., 2016).
A gravidez é reconhecida como um momento oportuno para
sugerir intervenções de saúde, promovendo mudanças inter e intrapessoais
necessárias para a parentalidade (Bellhouse et al.,
2022a, 2022b; Parfitt et al., 2013; Saxbe et al., 2018). Durante este período, os indivíduos
enfrentam a dualidade de cuidar de si mesmos enquanto se preparam para cuidar
de um filho (Gutiérrez-Zotes et al., 2016; Philpott
et al., 2017). O envolvimento
dos homens desde o início da gravidez melhora o bem-estar psicológico de ambos
os pais (Silva
et al., 2021) e fortalece a
vinculação ao futuro filho (Parfitt et al., 2013; Silva et al., 2021; Vismara
et al., 2016). Este período
de transição é, portanto, um equilíbrio complexo de adaptações. Nesse contexto,
o Conselho Nacional de Saúde e Bem-Estar da Suécia sublinhou a importância de
grupos e programas parentais que oferecem apoio entre pares, destacando a
necessidade de priorizar tais iniciativas no atendimento a mulheres grávidas e
novos pais (Ekelöf
et al., 2023).
A saúde mental
durante a transição para a parentalidade pode ser sustentada através da
disponibilização de recursos adequados e da criação de ambientes tranquilos
para grávidas, homens e casais. Os estudos destacam a importância de promover a
saúde em múltiplos níveis, reforçando os recursos pessoais dos indivíduos enquanto
se constroem estruturas e comunidades de apoio social. A variação moderna do
provérbio africano "É preciso uma aldeia para criar uma criança, é preciso
uma rede para criar uma mãe" reflete essa abordagem, salientando a
necessidade de apoio integrado. A colaboração estreita entre todos os níveis de
cuidados nas organizações de saúde é essencial para identificar mulheres que
necessitam de apoio adicional e trabalhar em conjunto
para promover o bem-estar físico e psicológico durante a gravidez (Ekelöf et al., 2023).
Desta
forma, esta revisão Scoping visa identificar e analisar as estratégias
utilizadas pelos profissionais de saúde para promover a transição para a
parentalidade, com o objetivo de desenvolver intervenções que facilitem este
processo.
Para
alcançar o objetivo delineado, foi realizada uma revisão Scoping, que
permite identificar de forma clara a literatura existente sobre um tema
específico e fornecer uma visão geral de um tema emergente (Munn et al., 2018). Seguiram-se as recomendações do Joanna Briggs Institute
Reviewer’s Manual (2020) e as instruções de Tricco et al.
(2018) na utilização do
instrumento PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR).
A
pergunta de partida definida foi: "Que estratégias utilizam os
profissionais de saúde na transição para a parentalidade?" Foram
identificados os conceitos-chave (Transição para a parentalidade, Gravidez e
Estratégias) que são parte integrante da estratégia PCC (Participantes,
Conceito e Contexto).
Após
definir os conceitos-chave e traduzi-los para o inglês, foram procurados
sinónimos através dos descritores extraídos do vocabulário DeCS/MeSH
(Descritores em Ciências da Saúde). A conjugação dos descritores foi realizada
utilizando operadores booleanos e truncadores: AND e *, formando a expressão de
pesquisa. A expressão de pesquisa estabilizada foi constituída
pelos termos seguintes: “Parenthood transition” or “Parenthood adaptation” or
“Parenthood adjustment” and “Pregnan*” and “Strategies” or “Methods” or
“Techniques” or “Interventions” or “Best practices” or “Approaches”. Todos os conceitos foram pesquisados no Abstract.
Para
o processo de análise e seleção dos estudos, três revisores independentes
procederam à avaliação crítica, extração e síntese dos dados. Estava previsto o
recurso a outros dois revisores em caso de discordância, o que não
foi necessário. O fluxograma PRISMA que ilustra este processo está detalhado na
Figura 1.
Os
critérios de inclusão foram: estudos empíricos e estudos que incidem sobre a
transição para a parentalidade na gravidez, publicados entre 2018 e 2023 e
escritos em português, inglês ou espanhol. Os critérios de exclusão incluíram:
publicações não revistas por pares (literatura ‘cinzenta’), estudos relativos a
gravidezes subsequentes com história obstétrica de aborto, menores de idade,
pais com filhos de relacionamentos anteriores, intercorrências na gravidez e
prematuros.
Foram
selecionados artigos disponíveis na plataforma de pesquisa EBSCO host (CINAHL
Complete, MEDLINE Complete, Nursing & Allied Health Collection:
Comprehensive, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane
Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Library,
Information Science & Technology Abstracts, MedicLatina, Cochrane Clinical
Answers), considerando-se uma ferramenta analítica fiável que permite acesso
rápido a investigações relevantes analisadas por especialistas (peer-review).
A
pesquisa decorreu entre novembro e dezembro de 2023 e incidiu sobre estudos
publicados entre 2018 e 2023. Este intervalo de tempo foi escolhido para
garantir a inclusão dos estudos mais recentes e relevantes, proporcionando uma
atualização abrangente das estratégias utilizadas pelos profissionais de saúde
na transição para a parentalidade.
Após introdução da expressão de pesquisa nos campos da
plataforma EBSCO, obteve-se um total de 308 artigos. Selecionando a análise da
coocorrência das palavras-chave mais comuns, representada na Figura 2, revelou
uma interligação entre o termo “Parentalidade” (“Parenthood”) e os
conceitos-chave “Gravidez” (“Pregnan*”). Embora o conceito
"Estratégias" não tenha sido identificado diretamente como uma
coocorrência das palavras-chave, surgiram termos relacionados, como
"Intervention" e "Support", que podem estar associados ao
conceito de estratégias utilizadas na transição para a parentalidade.
Seguindo
o modelo PRISMA (Figura 1), aplicaram-se os filtros estabelecidos, incluindo
critérios temporais, linguísticos, tipo de publicação e a remoção de registos
duplicados, resultando na identificação de 109 artigos para exclusão. Na fase
seguinte, os artigos foram triados pelo título e resumo, avaliando a
conformidade com os critérios de inclusão e exclusão previamente definidos.
Finalmente, após a leitura integral dos artigos restantes, foram selecionados
seis artigos para inclusão na revisão final.
Esta revisão Scoping identificou seis estudos (Tabela
1) que investigaram diversas estratégias utilizadas pelos profissionais de
saúde na transição para a parentalidade. Os estudos foram conduzidos em
diferentes países, incluindo Suécia, Taiwan, Austrália, Dinamarca e Estados
Unidos da América, abrangendo uma ampla gama de participantes e métodos.
Os
estudos qualitativos (Bellhouse et
al., 2022b; Eddy & Fife, 2021; Ekelöf et al.,
2023)
incluíram entrevistas e análises indutivas dos dados, explorando principalmente
o bem-estar mental das mulheres durante o período perinatal e os fatores que
promovem este bem-estar, conforme percebido pelos profissionais de saúde. Os
resultados destacaram a importância dos recursos internos, da confiança durante
a transição e da rede de apoio na comunidade.
Tabela
1 Identificação e Caracterização dos Estudos Selecionados para
Análise |
||||||||
# |
Autores
(ano) |
País |
Participantes |
Método |
Tipo de Estudo |
Objetivo |
Resultados |
Conclusões |
Suécia |
16
profissionais de saúde (parteiras, obstetras, psicólogos e enfermeiros de
saúde infantil) |
Entrevistas |
Qualitativo, análise indutiva |
Explorar o bem-estar mental das mulheres no
perinatal e fatores promotores |
Fatores promotores: recursos internos, confiança na
transição, rede de apoio |
Focar nos recursos internos e estruturas de apoio |
||
Taiwan |
74 mulheres
grávidas (39 intervenção, 35 controlo) |
Programa de intervenção mindfulness |
Quantitativo,
ensaio clínico randomizado simples-cego |
Avaliar a
eficácia do mindfulness na saúde psicológica na gravidez e maternidade
precoce |
Melhoria
significativa em stresse e depressão; sem diferenças em mindfulness |
Mindfulness reduz stresse e depressão pós-parto; útil na
transição para a parentalidade |
||
3 |
Austrália e Dinamarca |
1255 famílias
(659 intervenção, 596 controlo) |
Programa de Intervenção FSP
com mães e parceiros esperando primeiro filho |
Quantitativo,
ensaio clínico randomizado |
Avaliar os
efeitos de um programa de parentalidade universal |
Satisfação com o programa;
sem diferenças significativas em competência parental, stresse ou depressão |
Participação no
programa não influenciou significativamente os indicadores |
|
4 |
EUA |
11 casais heterossexuais |
Entrevistas
separadas |
Qualitativo, grounded theory |
Construir uma teoria sobre o impacto do envolvimento
do marido na relação do casal durante a gravidez |
Envolvimento ativo do marido fortalece a relação;
obstáculos incluem sobrecarga, discussões, diferenças de género e
desinteresse |
Envolvimento ativo do marido leva a relações
fortalecidas no pós-parto |
|
5 |
Austrália |
16 pais com
fatores de risco |
Programa STAR MUMS (5
sessões, 1,5h/5 S durante gravidez) |
Qualitativo e
exploratório |
Explorar experiências
e aceitabilidade do programa STAR MUMS |
Programa
aceitável, facilita reflexão, reduz isolamento e ansiedade, melhora
vinculação com os bebés |
Altos níveis de
participação e ajustamento; programa aceitável e facilita a reflexão |
|
6 |
Austrália |
13 publicações selecionadas de 6829
identificadas |
Revisão
sistemática |
Revisão sistemática da literatura |
Descrever os efeitos das intervenções psicológicas
na gravidez para a parentalidade precoce |
Intervenções incluíram mindfulness, gestão do
stresse, terapia cognitivo-comportamental, entre outros |
Necessária mais investigação para determinar
intervenções eficazes no período pré-natal |
|
Nota. FS = Semanas. SP = Family
Startup Program. STAR MUMS = Supporting Transitions and Relationships (baseado
na teoria psicanalítica e da vinculação, incluindo abordagens como mindfulness
e mentalização). |
Os
estudos quantitativos (Pan et al., 2019;
Trillingsgaard
et al., 2021), que incluíram ensaios
clínicos randomizados e controlados, avaliaram a eficácia de programas de
intervenção como o mindfulness e o Family Startup Program. Esses
programas focaram na redução do stresse e depressão, e na avaliação do senso de
competência parental. Os resultados indicaram que o mindfulness pode ser
benéfico na redução do stresse e depressão pós-parto, enquanto a satisfação com
programas universais de parentalidade não se traduziu necessariamente em
melhorias significativas nos indicadores medidos.
Um
estudo específico utilizou a grounded theory para construir uma teoria
sobre o impacto do envolvimento do marido durante a gravidez na relação do
casal. Os achados sugeriram que o envolvimento ativo do marido fortalece a
relação no pós-parto, embora existam obstáculos como sobrecarga e diferenças de
género.
Outro
estudo qualitativo explorou as experiências e a aceitabilidade do programa Supporting
Transitions and Relationships, focado em pais com fatores de risco. Os
resultados mostraram que o programa é bem aceite, facilita a reflexão, reduz o
isolamento e a ansiedade, e melhora a vinculação com os bebés.
Por
fim, esta revisão scoping das intervenções psicológicas na gravidez
destacou a diversidade de abordagens, incluindo programas de mindfulness,
gestão do stresse e terapia cognitivo-comportamental.
Neste sentido, e de acordo com os
resultados obtidos nesta revisão, foi possível identificar
estratégias que os profissionais de saúde utilizam para a promoção da transição
para a parentalidade. Deste modo, agrupou-se os resultados dos estudos em torno de quatro
categorias, nomeadamente (Tabela 3): Recursos Pessoais (Estudos 1, 4, 6),
Programas de Apoio aos Futuros Pais (Estudos 2, 3, 5, 6); Intervenções
Psicológicas Coadjuvantes na Transição para a Parentalidade (Estudo 6) e Marido
como Elemento de Suporte da Gestante (Estudo 4).
Agrupamento das Estratégias por Categorias
Categorias |
Estratégias |
Estudos |
Recursos pessoais |
Capacidade de a mulher
confiar no seu processo de gravidez. |
1 |
Utilizar a rede de suporte familiar e comunitário. |
1, 4, 6 |
|
Programas de apoio aos
futuros pais |
Programas de mindfulness
para gestão do stresse e ansiedade. |
2, 5 |
Programas de intervenção, organizados por profissionais de
saúde, para partilha de experiências entre os casais. |
5, 6 |
|
Aplicação, por profissionais de
saúde, de escalas de stresse (PSS) e de depressão pós-parto (EDPS). |
2 |
|
Sessões de acompanhamento numa primeira gestação. |
3, 5 |
|
Intervenções psicológicas
coadjuvantes na transição para a parentalidade |
Organizar vários tipos de
programas que incluam terapias baseadas na mentalização para a parentalidade
assim como programas de terapia cognitivo-comportamental. |
6 |
Marido como elemento de
suporte da gestante |
Os profissionais de saúde
incentivam o marido a participar ativamente no processo de gravidez através
da partilha de tarefas e apoio emocional, empoderando-os com conhecimento. |
4 |
Nota. PSS = Perceived Stress Scale; EDPS = Edinburgh
Postnatal Depression Scale. |
A transição para a parentalidade é um momento crucial e transformador
na vida dos indivíduos, implicando uma reestruturação significativa em
múltiplas dimensões, tais como a saúde, identidade, relacionamentos e ambiente
(Meleis, 2017; Meleis
et al., 2000). A chegada de uma nova vida é um evento marcante que
requer ajustes e transformações substanciais tanto para o indivíduo quanto para
a família. Este processo de reconfiguração pode iniciar-se antes do nascimento
ou mesmo durante a contemplação da parentalidade, sendo considerado uma das
escolhas mais importantes e desafiadoras que uma pessoa pode enfrentar. Esta
fase exige diálogo, compreensão e apoio para ser eficaz (Mendes et al.,
2022).
Neste contexto, esta revisão scoping
teve como objetivo identificar as estratégias utilizadas pelos profissionais de
saúde para promover uma transição bem-sucedida para a parentalidade, tendo em
conta a complexidade e a diversidade das experiências parentais.
Os resultados desta revisão demonstram a
importância de uma abordagem multifacetada na promoção da saúde mental e
bem-estar dos futuros pais. Os estudos qualitativos incluídos qualitativos (Bellhouse et al., 2022b; Eddy & Fife,
2021; Ekelöf et al.,
2023) destacaram a
relevância dos recursos internos, como a confiança e resiliência, bem como a
necessidade de uma rede de apoio social eficaz. Os profissionais de saúde
desempenham um papel vital ao fornecer suporte emocional e educacional,
ajudando a construir uma rede de apoio comunitária que é fundamental para o
bem-estar mental durante o período perinatal. Os estudos quantitativos (Pan et al., 2019;
Trillingsgaard
et al., 2021) forneceram
evidências sobre a eficácia de programas específicos, como o mindfulness
e o Family Startup Program, na redução do stresse e depressão pós-parto.
Estes programas demonstraram benefícios significativos na saúde psicológica das
mulheres grávidas e recém-mães, sublinhando a necessidade de intervenções
estruturadas e baseadas em evidências para apoiar a transição para a
parentalidade.
A confiança no processo de gravidez e a
utilização da rede de suporte familiar e comunitário são cruciais para o
bem-estar das futuras mães. A confiança no processo de gravidez envolve a
aceitação da futura maternidade e uma aprendizagem enriquecedora (Silva et al., 2021). Durante a transição para a parentalidade, essa confiança é essencial e
baseia-se na visão de que a pessoa se posiciona num espaço psicológico e social
que permite perspetivar a vida de uma forma diferente, redefinindo valores e
prioridades pessoais (Parfitt
et al., 2013; Philpott et al., 2017; Silva et al., 2021).
A partilha de um ambiente seguro com o
parceiro, a divisão de tarefas e responsabilidades levam ao desenvolvimento de
uma relação de partilha, promovendo justiça e equidade na conjugalidade (Oliveira et al.,
2022;
Philpott
et al., 2017). Pertencer a uma rede de
apoio e cuidados na comunidade oferece oportunidades de partilha entre pares,
promovendo uma boa saúde mental e comportamentos baseados na segurança,
reduzindo o stresse fisiológico associado à gravidez. Este sentimento de
pertença a grupos de pares permite à gestante partilhar dúvidas, estabelecer
relações de amizade e carinho, e perceber como outros casais lidam com o
processo de gravidez. Tudo isso são ingredientes para o desenvolvimento de uma
boa saúde mental (Ekelöf
et al., 2023).
Um
bom capital emocional promove comportamentos baseados na segurança e reduz o
stresse fisiológico associado ao processo de gravidez, melhorando a saúde, a
confiança e a eficácia com que os pais lidam juntos com os múltiplos fatores
stressantes associados à transição para a parentalidade (Alves et al.,
2019;
Parfitt et al.,
2013).
Os
Programas de Apoio aos
Futuros Pais são fundamentais para abordar o stresse
perinatal e a depressão, que afetam negativamente a vida íntima e social das
mães (Pan et al.,
2019). A depressão pós-parto tem recebido atenção
crescente nos últimos anos devido ao aumento da sua prevalência global (Hahn-Holbrook
et al., 2018). Isso dever-se-á ao fato de a mulher estar associada a
uma variedade de funções parentais concomitantemente com exigências laborais,
sociais e familiares, que podem levar a um sofrimento mental significativo (Gutiérrez-Zotes
et al., 2016).
A
gravidez é um momento oportuno para promover intervenções de saúde (Ekelöf et al., 2023). Nesse
sentido, profissionais de saúde aplicam escalas de identificação de problemas
que podem comprometer a transição para uma parentalidade saudável,
principalmente no campo da saúde mental. A identificação e intervenção precoce
nos problemas de saúde mental durante a gestação e pós-parto favorecem o
bem-estar da tríade mãe-pai-bebé (Oliveira et al., 2022; Philpott
et al., 2017).
Estudos
randomizados com grupos de intervenção e grupos de controlo demonstraram que
programas de mindfulness podem reduzir ansiedade e depressão pós-parto.
Os resultados indicam que os grupos de intervenção apresentam níveis de
ansiedade e depressão significativamente mais baixos em comparação com os
grupos de controlo, sugerindo que a participação nesses programas é benéfica
para a saúde mental das grávidas. As respostas emocionais observadas com a
implementação destes programas são positivas, intensas e diversificadas,
refletindo um equilíbrio psicoemocional mais robusto (Silva et al., 2021).
No
estudo de Trillingsgaard et al.
(2021),
percebe-se que o apoio aos pais durante a transição para a parentalidade conduz
à sua satisfação, embora não haja
evidência de eficácia na diminuição da ansiedade e do stresse. Tornar-se mãe ou
pai é muitas vezes uma transição stressante, envolvendo processos de
reorganização de pensamentos e comportamentos (Pan et al., 2019). Apoiar os
pais na transição para a parentalidade é uma importante tarefa de saúde pública
global, capacitando-os através do conhecimento e programas de apoio para
assumir novos papéis (Meleis et al., 2000).
Programas como
o Supporting Transitions and Relationships (STAR Mums) apoiam processos
psicológicos normais durante a gravidez, preparando a relação com o bebé e
reduzindo fatores de risco (Bellhouse
et al., 2022a). Baseado nos princípios da teoria
psicanalítica e da vinculação, o programa inclui técnicas de mentalização para
facilitar a reflexão. Os participantes relataram diminuição dos seus níveis de
stresse e ansiedade, dando especial importância aos exercícios de mindfulness
como facilitadores para uma transição positiva.
A saúde mental
é particularmente relevante para a situação conjugal; quanto mais estável for a
conjugalidade, menor a hipótese de desenvolvimento de sintomatologia depressiva
materna ou paterna (Oliveira
et al., 2022;
Philpott
et al., 2017). Investir em programas de intervenção e cuidados de saúde para os pais pode
trazer benefícios a longo prazo para a sociedade. Crianças que crescem em
ambientes estáveis e amorosos têm maior probabilidade de se tornarem adultos
saudáveis e produtivos, contribuindo positivamente para uma sociedade mais
resiliente e equitativa (Erickson et
al., 2020; Parfitt et al.,
2013). A este propósito,
ressalva-se a importância dos programas de educação voltados para a família,
priorizando a participação e envolvimento do pai de forma que este se sinta
incluído em todo o processo. Faz sentido que sejam os serviços/profissionais de
saúde a oferecer orientação especializada aos pais e potenciarem as
oportunidades de participação do pai (Santos da Mota et al., 2022; Vismara et al., 2016).
No estudo de Bellhouse et al.
(2021), a transição para a parentalidade é identificada como
um momento de alto risco para a saúde mental, exigindo adaptação psicológica
significativa para incorporar o papel parental. Programas de intervenção
precoce, organizados por profissionais de saúde, são essenciais para promover
uma transição saudável. Apesar da evidência da importância dessas intervenções,
há uma falta de programas baseados em evidências implementáveis no período
pré-natal. Mais investigação é necessária para determinar intervenções eficazes
que preparem os pais pela primeira vez para a parentalidade e evitem
dificuldades de vinculação (Bellhouse et al., 2021).
O envolvimento
ativo do marido durante a gravidez é fundamental para fortalecer o
relacionamento do casal no pós-parto. A investigação sugere que o envolvimento ativo do marido durante a gravidez
fortalece a relação no pós-parto, com base em quatro
componentes: atitude positiva, apoio instrumental, apoio emocional e resposta
em momentos significativos (Eddy
& Fife, 2021). Ajudar com atitude positiva envolve a
disposição do marido para apoiar a mulher sem ressentimento ou
sentido de obrigação, completando tarefas
com amor e compaixão. O apoio instrumental refere-se aos esforços dos maridos
para ajudar nas tarefas diárias, enquanto o apoio emocional envolve estar
disponível emocionalmente e responder de forma empática às necessidades da
mulher. Esses componentes empoderam o casal com maior confiança, maturidade,
amor, comunicação e apoio contínuo (Eddy & Fife, 2021). Da
mesma forma, Oliveira et al. (2022) dão
ênfase ao termo conjugalidade, a qual pode ser definida como a união
entre duas pessoas, sem ser necessário qualquer contrato formal, que se caracteriza
por relações afetivo-sexuais em que os autores podem exercer ou negociar
tarefas para a manutenção da unidade/coesão familiar. Cowan
et al. (2018) apontam, que a forma como o casal vive as mudanças inerentes
ao processo de parentalidade implica uma harmonia entre os aspetos românticos
da relação, a divisão de tarefas e os padrões de comunicação. Parece ainda que
quanto maior o apoio do parceiro afetivo e a satisfação na relação conjugal,
menor é a possibilidade de desenvolvimento de sintomas de depressão na mulher (Oliveira
et al., 2022).
No entanto, obstáculos como exaustão, lutas interpessoais e
de género, e desvinculação podem surgir, afetando negativamente essa dinâmica (Eddy & Fife, 2021; Parfitt et al., 2013; Philpott
et al., 2017).
A exclusão do homem no processo de preparação para a parentalidade pode
desencadear sentimentos de insegurança. Um homem confiante apresenta menores
níveis de medo e maior resiliência, promovendo uma transição mais positiva (Silva
et al., 2021). Aumentar o envolvimento do homem na gravidez e no parto
melhora a ligação emocional pai-bebé e diminui os estereótipos de género (Santos
da Mota et al., 2022; Vismara et al.,
2016).
Estratégias como estabelecer novas rotinas, compartilhar
sentimentos e responsabilidades, e formar uma equipa no processo de transição
para a parentalidade promovem uma maior vinculação e ajustamento parental (Alves
et al., 2019;
Parfitt et al.,
2013; Philpott et al., 2017). A ampla reestruturação dos
direitos parentais e o alargamento da licença parental ao pai em Portugal têm
incentivado a partilha das responsabilidades parentais, reconhecendo o papel
ativo do pai no apoio à mulher e no cuidado ao bebé (Leitão,
2019;
Rocha,
2020).
O apoio emocional, prático e a comunicação aberta entre
parceiros são fundamentais para o bem-estar e desenvolvimento saudável do
futuro bebé. Atitudes de suporte e compreensão ajudam os indivíduos a
reconhecer que têm recursos pessoais para lidar com o novo papel (Erickson
et al., 2020).
A transição para a parentalidade é frequentemente acompanhada por uma variedade de emoções, desde alegria e entusiasmo até ansiedade, stresse e depressão (Hughes et al., 2020; Parfitt et al.,
2013). Durante este período crítico, uma intervenção adequada pode ter um impacto significativo. Os
programas de apoio não só
fornecem informações valiosas, orientação e apoio emocional aos futuros pais como
promovem um ajustamento parental adequado, orientando-os para as mudanças iminentes (Alves et al., 2019; Philpott
et al., 2017; Vismara et al.,
2016).
Na mesma linha de pensamento, Trillingsgaard et al. (2021) defendem que reunir mulheres, homens e casais que compartilham
experiências semelhantes cria um espaço de compreensão, discussão de desafios e
partilha de sucessos e solidariedade, estabelecendo uma rede de apoio
inquestionável. Estes programas também fornecem estratégias eficazes para lidar com o stresse e promover o bem-estar mental e emocional durante a transição para a parentalidade.
Os profissionais de saúde desempenham um
papel importante nesse processo, oferecendo conhecimento especializado e
cuidados personalizados, promovendo
práticas
de parentalidade saudáveis e intervindo nos desafios emocionais e físicos enfrentados pelos pais (Barimani
& Vikström, 2015; Gjerdingen et al., 1991). Eles atuam como
facilitadores e impulsionadores de estratégias que capacitam os pais a
sentirem-se mais confiantes nos seus novos papéis e fortalecem os laços
familiares. A importância dos profissionais de saúde no apoio à
parentalidade reside não só na combinação de conhecimentos de cariz técnico,
mas também na orientação educativa, suporte emocional e cuidados práticos. A
sua intervenção abrangente é essencial para garantir uma transição suave para a
parentalidade, promovendo a saúde e o bem-estar de toda a família.
Embora esta revisão scoping tenha
proporcionado uma visão abrangente sobre as estratégias utilizadas pelos
profissionais de saúde na transição para a parentalidade, várias limitações
devem ser consideradas.
Fontes de Dados e Abrangência Temporal. As bases de
dados utilizadas na pesquisa foram limitadas, o que pode ter resultado na
exclusão de estudos relevantes disponíveis noutras fontes. A inclusão de bases
de dados adicionais, como PubMed, Scopus, Web of Science, Embase e PsycINFO,
poderia ter ampliado a abrangência da revisão. Além disso, a restrição temporal
aos estudos publicados entre 2018 e 2023 pode ter limitado a inclusão de
pesquisas anteriores que poderiam oferecer insights valiosos.
Critérios de Inclusão e Exclusão. Os critérios de
inclusão e exclusão foram definidos para focar em fatores gerais que
influenciam a transição para a parentalidade. No entanto, a exclusão de estudos
que abordam situações específicas, como condições patológicas da mãe e/ou do
recém-nascido, bebés prematuros, depressão materna e mães adolescentes, pode
ter omitido contextos importantes que afetam a parentalidade. Estes aspetos
específicos não foram abordados nesta revisão, o que pode limitar a
aplicabilidade dos achados a diferentes contextos.
Viés Linguístico. A revisão
incluiu apenas estudos publicados em português, inglês, francês e espanhol.
Esta escolha pode ter introduzido um viés de seleção, excluindo estudos
relevantes publicados noutras línguas, potencialmente limitando a diversidade e
a representatividade dos resultados.
Estratégias de Pesquisa. A utilização de
palavras-chave específicas e operadores booleanos pode ter restringido a
abrangência dos resultados. Embora o vocabulário DeCS/MeSH tenha sido utilizado
para obter sinónimos, estratégias de pesquisa mais avançadas, como a combinação
de termos livres com termos controlados, poderiam ter melhorado a abrangência e
a precisão da pesquisa. A adoção de ferramentas de busca mais sensíveis poderia
ter capturado uma gama mais ampla de estudos relevantes.
Avaliação da Qualidade dos Estudos. As revisões scoping
não avaliam a qualidade dos estudos incluídos, focando-se na identificação e
mapeamento da literatura existente. Portanto, os resultados desta revisão devem
ser interpretados com a consciência de que a qualidade metodológica dos estudos
não foi sistematicamente avaliada. Isso limita a capacidade de fazer
recomendações práticas com base na robustez dos estudos individuais.
Diversidade dos Estudos. A diversidade
dos estudos incluídos em termos de desenho de estudo, contextos geográficos e
populações pode limitar a generalização dos resultados. Esta heterogeneidade
significa que os achados podem não ser aplicáveis a todas as populações ou
contextos. Realizar análises de subgrupos poderia ajudar a entender como
diferentes fatores afetam a transição para a parentalidade em contextos
específicos, proporcionando uma interpretação mais precisa e contextualizada
dos dados.
Essas
limitações são importantes de serem consideradas ao interpretar os resultados
desta revisão e ao planejar futuras pesquisas na área da transição para a
parentalidade. Futuras investigações devem buscar incluir uma gama mais ampla
de estudos, contextos e populações para fornecer uma compreensão mais completa
e representativa das estratégias eficazes na promoção da parentalidade.
Esta revisão Scoping
permitiu identificar que a maioria dos estudos foca a importância do apoio
dirigido à mulher/casal na transição para a parentalidade, enquanto há uma
escassez de estudos direcionados especificamente para o homem. A parentalidade é uma
jornada complexa e transformadora que requer atenção cuidadosa e apoio adequado
para garantir o bem-estar de todos os envolvidos — mulher, homem, casal e bebé. A transição para essa etapa é um período crucial e
desafiador na vida dos seus autores, marcado por mudanças físicas, emocionais e
sociais significativas.
Os resultados
desta revisão destacam a relevância de uma abordagem multifacetada para apoiar
a saúde mental e o bem-estar dos futuros pais. Os estudos sublinharam a
importância dos recursos internos, a necessidade de uma rede de apoio social
eficaz e de intervenções estruturadas e baseadas em evidências.
Os
profissionais de saúde desempenham um papel fundamental na promoção de uma
transição saudável e positiva para a parentalidade, oferecendo suporte
emocional e educacional e ajudando a construir redes de apoio comunitário. As
intervenções psicológicas coadjuvantes mostraram-se eficazes na preparação da
relação com o bebé e na redução de fatores de risco. O envolvimento ativo do
parceiro afetivo também foi identificado como crucial para fortalecer o
relacionamento do casal no pós-parto.
Apesar da
relevância dos achados, constata-se a escassez de estudos que abordem o
processo de transição do homem para a parentalidade. Esta lacuna sugere a
necessidade de futuras investigações focadas no papel e nas experiências dos
homens durante esta fase crítica, para fornecer uma compreensão mais completa e
integrada do processo de parentalidade.
Os
resultados desta revisão podem ser transpostos para a prática clínica,
promovendo programas diversificados que considerem os recursos pessoais dos
indivíduos e as pessoas com quem mantêm vínculos afetivos. Estratégias como
educação, apoio emocional e envolvimento ativo dos pais devem ser integradas
para facilitar a transição para a parentalidade, promovendo não apenas o
bem-estar do casal, mas também o fortalecimento dos laços familiares. Este
conhecimento é crucial para desenvolver intervenções que capacitem os pais a
sentirem-se mais confiantes em seus novos papéis.
Em síntese,
esta revisão scoping respondeu à questão de investigação e atingiu o
objetivo delineado, identificando estratégias que os profissionais de saúde
utilizam como facilitadoras no processo de transição para a parentalidade. O
reconhecimento da importância de uma abordagem abrangente e inclusiva é
essencial para garantir uma transição saudável e positiva, criando uma base
sólida para as futuras gerações.
Agradecimentos
e Autoria
Conflito de interesses: Os autores não indicaram quaisquer
conflitos de interesse.
Fontes de financiamento: Este estudo não recebeu qualquer
financiamento específico.
Contributos: AV: Conceptualização, metodologia, análise formal, redação do rascunho
original, redação (Revisão & Edição). CC:
metodologia, análise formal, redação do rascunho original. MC:
metodologia, análise formal, redação do rascunho original AS: Conceptualização,
metodologia, análise formal, revisão. MT: Conceptualização, metodologia,
análise formal, revisão.
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