Jogos tradicionais portugueses adaptados e dinâmicas intergeracionais em pessoas com doença de Parkinson

Autores

  • Marlene Rosa Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, ciTechCare - Center for Innovative Care and Health Technology, Instituto Politécnico de Leiria, Portugal
  • Carina Gomes Forte Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, Portugal
  • Raul Antunes Instituto Politécnico de Leiria; Life Quality Research Centre (CIEQV), Leiria, Portugal https://orcid.org/0000-0002-5485-9430
  • Tânia Maurício Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, Delegação de Leiria, Portugal https://orcid.org/0000-0001-8672-4656

DOI:

https://doi.org/10.31211/rpics.2020.6.1.163

Palavras-chave:

Doença degenerativa, Terapia recreativa, Idoso, Criança pré-escolar

Resumo

Objetivo: Tendo em conta as limitações na terapia convencional, os jogos são cada vez mais utilizados pelo seu potencial em integrar as várias dimensões humanas afetadas pela Doença de Parkinson. Este estudo teve como objetivo testar a aplicação de um programa de jogos tradicionais adaptados a pessoas com DP, incluindo dinâmicas intergeracionais. Método: Foram realizadas três sessões de jogos tradicionais adaptados, incluindo nove pessoas com Doença de Parkinson. Foi ainda dinamizada uma sessão com dinâmicas intergeracionais, precedida de uma sessão educativa às crianças (pré escolar, 4 e 5 anos de idade) sobre o tema do envelhecimento. Deste modo, antes e após cada sessão, foi avaliado o nível de autoeficácia através da Escala de Autoeficácia para a Atividade com Sentido de cada participante, bem como o feedback dos participantes e das crianças através de uma entrevista estruturada. A análise da entrevista implicou a codificação usando a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde por dois investigadores independentes. Resultados: Ao longo das sessões observou-se que cerca de 50% dos participantes melhoraram relativamente ao nível da autoeficácia e os restantes 50% mantiveram a cotação máxima. Observou-se também a importância da sessão educativa às crianças onde se verificou uma melhoria no nível de aprendizagem sobre o tema de envelhecimento, melhorando “o domínio de adaptações dos jogos para idosos”, bem como “o saber ajudar durante a implementação dos jogos “em população idosa. Ainda no decorrer das sessões, as pessoas com Doença de Parkinson assinalaram a importância de temas como: a componente afetiva que advêm da experiência, as memórias, o relacionamento entre os participantes e as crianças. Conclusões: Este estudo permitiu verificar que os jogos tradicionais adaptados têm impacto no nível da autoeficácia dos participantes bem como são catalisadores de dinâmicas positivas entre várias gerações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Aday, R. H., Aday, K. L., Arnold, J. L., & Bendix, S. L. (1996). Changing children’ s perceptions of the elderly: The effects of intergenerational contact. Gerontology & Geriatrics Education, 16(3), 37–51. https://doi.org/10.1300/J021v16n03_04

Baker, J. R., Webster, L., Lynn, N., Rogers, J., & Belcher, J. (2017). Intergenerational programs may be especially engaging for aged care residents with cognitive impairment: Findings from the avondale intergenerational design challenge. American Journal of Alzheimer's Disease and other Dementias, 32(4), 213–221. https://doi.org/10.1177/1533317517703477

Barry, G., Galna, B., & Rochester, L. (2014). The role of exergaming in Parkinson’ s disease rehabilitation: A systematic review of the evidence. Journal of NeuroEngineering and Rehabilitation, 11, Article 33. https://doi.org/10.1186/1743-0003-11-33

Cheng, S.-T. (2016). Self-perception of aging and satisfaction with children’ s support. Journal Educational Gerontology: Series B, 72(5), 782–791. https://doi.org/10.1093/geronb/gbv113

Coimbra, A. P. M. P. (2007). O papel dos jogos tradicionais como actividade lúdica e educacional [Monografia de Licenciatura, Universidade do Porto]. Repositório Aberto da Universidade do Porto. https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/14519/2/38185.pdf

Dias, G., & Mendes, R. (2013). Jogos tradicionais portugueses. Edições Convite à Música.

Dias, S. B., Konstantinidis, E., Diniz, J. A., Bamidis, P., Charisis, V., Hadjidimitriou, S., Stadtschnitzer M., Fagerberg P., Ioakeimidis I., Dimitropoulos K., Grammalidis N., Hadjileontiadis, L. J. (2017, Setembro, 6-8). Serious games as a means for holistically supporting Parkinson’s Disease patients: The i-PROGNOSIS personalized game suite framework [Apresentação de artigo]. 2017 9th International Conference on Virtual Worlds and Games for Serious Applications (VS-Games), Atenas, Grécia. https://doi.org/10.1109/VS-GAMES.2017.8056607

Domberg, A., Köymen, B., & Tomasello, M. (2018). Children’ s reasoning with peers in cooperative and competitive contexts. British Journal of Developmental Psychology, 36(1), 64–77. https://doi.org/10.1111/bjdp.12213

Duay, D. L., & Bryan, V. C. (2006). Senior adults’ perceptions of successful aging. Journal Educational Gerontology, 32(6), 423–445. https://doi.org/10.1080/03601270600685636

Gilbert, C. N., & Ricketts, K. G. (2008). Children’ s attitudes toward older adults and aging: A synthesis of research. Educational Gerontology, 34(7), 570–588. https://doi.org/10.1080/03601270801900420

Intzandt, A. B., Beck, E. N., & Silveira, C. R. A. (2018). The effects of exercise on cognition and gait in Parkinson’s disease: A scoping review. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, 95, 136–169. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2018.09.018

Jones, E. D., Herrick, C., & York, R. F. (2004). An intergenerational group benefits both emotionally disturbed youth and older adults. Issues in Mental Health Nursing, 25(8), 753–767. https://doi.org/10.1080/01612840490506329

Kalia, L. V, & Lang, A. E. (2015). Parkinson’ s disease. The Lancet, 386(9996), 896–912. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(14)61393-3

Koerts, J., Beilen, M. Van, Tucha, O., Leenders, K. L., & Brouwer, W. H. (2011). Executive functioning in daily life in Parkinson’ s disease: Initiative, planning and multi-task performance. PLoS One, 6(12), Artigo e292541. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0029254

Liang, J., Zhang, P., Zhu, X., Qiao, Y., Zhao, L., He, Q., Zhang, L., & Liang, Y. (2014). Effect of intergenerational and intragenerational support on perceived health of older adults: A population-based analysis in rural China. Family Practice, 31(2), 164–171. https://doi.org/10.1093/fampra/cmt073

Ling, Y., Meer, L. P. Ter, Yumak, Z., & Veltkamp, R. C. (2017). Usability test of exercise games designed for rehabilitation of elderly patients after hip replacement surgery: Pilot study. JMIR Serious Games, 5(4), Artigo e19. https://doi.org/10.2196/games.7969

Medeiros, P., Capistrano, R., Zequinão, M. A., Beltrame, T. S., & Cardoso, F. L. (2017). Exergames as a tool for the acquisition and development of motor skills and abilities: A systematic review. Revista Paulista de Pediatria, 35(4), 464–471. https://doi.org/10.1590/1984-0462/;2017;35;4;00013

Morita, K., & Kobayashi, M. (2013). Interactive programs with preschool children bring smiles and conversation to older adults: Time-sampling study. BMC Geriatrics, 13. Artigo 111. https://doi.org/10.1186/1471-2318-13-111

Mosor, E., Waldherr, K., Kjeken, I., Omara, M., Ritschl, V., Pinter-theiss, V., Smolen J., Hübel U., & Stamm, T. (2019). An intergenerational program based on psycho-motor activity promotes well-being and interaction between preschool children and older adults: Results of a process and outcome evaluation study in Austria. BMC Public Health Volume, 19. Artigo 254. https://doi.org/10.1186/s12889-019-6572-0

Nilsson, M. H., Hagell, P., & Iwarsson, S. (2015). Psychometric properties of the General Self-Efficacy Scale in Parkinson’ s disease. Acta Neurologica Scandinavica, 132(2), 89–96. https://doi.org/10.1111/ane.12368

Oliveira, A., de Lima, M. P., & Portugal, P. (2016). Escala de autoeficácia para a atividade com sentido: Encontrando sentido no envelhecimento ativo. Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social, 2(1), 3–13. https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2016.2.1.28

Organização Mundial de Saúde. (2004). Classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde. https://catalogo.inr.pt/documents/11257/0/CIF+2004/4cdfad93-81d0-42de-b319-5b6b7a806eb2

Pakarinen, A., Parisod, H., Smed, J., & Salanterä, S. (2017). Health game interventions to enhance physical activity self-efficacy of children: A quantitative systematic review. Journal of Advanced Nursing, 73(4), 794–811. https://doi.org/10.1111/jan.13160

Ribas, C. G., Alves da Silva, L., Corrêa, M. R., Teive, H. G., & Valderramas, S. (2017). Effectiveness of exergaming in improving functional balance, fatigue and quality of life in Parkinson’ s disease: A pilot randomized controlled trial. Parkinsonism and Related Disorders, 38, 13–18. https://doi.org/10.1016/j.parkreldis.2017.02.006

Robbins, T. W., & Cools, R. (2014). Cognitive deficits in Parkinson’ s disease: A cognitive neuroscience perspective. Movement Disorders, 29(5), 597–607. https://doi.org/10.1002/mds.25853

Santos, H. Dos, Bredehoft, M. D., Gonzalez, F. M., & Montgomery, S. (2016). Exercise video games and exercise self-efficacy in children. Global Pediatric Health, 3, 1–6. https://doi.org/10.1177/2333794X16644139

Silva, M. P. R. (2014). Jogos cooperativos e jogos competitivos na educaçâo física escolar [Monografia de Licenciatura, Centro Universitário de Brasília]. Repositório do Centro Universitário de Brasília. https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/235/5880

Skropeta, C. M., Colvin, A., & Sladen, S. (2014). An evaluative study of the benefits of participating in intergenerational playgroups in aged care for older people. BMC Geriatrics, 14. Artigo 109. https://doi.org/10.1186/1471-2318-14-109

Vasileva-Stojanovska, T., Vasileva, M., Malinovski, T., & Trajkovik, V. (2014, Outubro, 9-10). The educational prospects of traditional games as learning activities of modern students [Apresentação de artigo]. In C. Bush (Ed.), 8th European Conference on Game Based Learning, Berlin, Alemanha. https://bit.ly/3fQ0dSK

Vaz, J., Mendes, R., Dias, G., & Santos, A. (2016). Jogos e brinquedos tradicionais portugueses: Análise intergeracional. In R. Mendes, G. Dias, J. Amado, & O. Vasconcelos (Eds.), Jogos e brinquedos populares: tradição, património e legado (pp. 51–92). Escola Superior de Educação de Coimbra.

Publicado

14-05-2020

Como Citar

Rosa, M., Gomes Forte, C. ., Antunes, R. ., & Maurício, T. (2020). Jogos tradicionais portugueses adaptados e dinâmicas intergeracionais em pessoas com doença de Parkinson. Revista Portuguesa De Investigação Comportamental E Social, 6(1), 19–39. https://doi.org/10.31211/rpics.2020.6.1.163

Edição

Secção

Artigo Original