A voz das mulheres: perceções sobre a violência obstétrica no Sul do Brasil

Autores

  • Matheus de Oliveira Sobrinho Ferreira Universidade Cesumar, Departamento de Enfermagem, Maringá, Brasil https://orcid.org/0009-0008-4264-8020
  • Ana Carolina Conartioli Universidade Cesumar, Departamento de Enfermagem, Maringá, Brasil https://orcid.org/0009-0008-7650-3671
  • Andressa Larissa Dias Müller de Souza Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Enfermagem, Londrina, Brasil https://orcid.org/0000-0001-8582-5615
  • Pamela Eloisa Palma Tasca Universidade Cesumar, Departamento de Enfermagem, Maringá, Brasil https://orcid.org/0009-0008-5257-0298
  • Sara Wust Beckmann Universidade Cesumar, Departamento de Enfermagem, Maringá, Brasil
  • Elizandra Aparecida Britta Stefano Universidade Cesumar, Departamento de Enfermagem, Maringá, Brasil https://orcid.org/0000-0002-9597-0661

DOI:

https://doi.org/10.31211/rpics.2025.11.1.369

Palavras-chave:

Direitos da Mulher, Parto, Saúde da mulher, Violência contra a mulher, Violência obstétrica, Pesquisa qualitativa

Resumo

Contexto: A violência obstétrica é descrita como a imposição de práticas hospitalares que desconsideram a autonomia da mulher no processo de parto.Objetivo: Compreender a perceção de mulheres acerca da violência obstétrica num município do sul do Brasil.  Métodos: Estudo descritivo e qualitativo, conduzido entre julho e setembro de 2024 com 20 mulheres com idade superior a 18 anos, que tiveram filhos nos dois anos anteriores e que não estavam no puerpério. A recolha de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas, gravadas, transcritas com o auxílio do software Happyscribe e submetidas a análise de conteúdo. Resultados: Emergiram três categorias: perceção de violência obstétrica, falsa perceção de não violência obstétrica e satisfação com o atendimento adequado. Os relatos evidenciaram práticas desumanizadas, como a manobra de Kristeller, depilação dos pelos púbicos, proibição de alimentação, intervenções não consentidas e violação da autonomia durante o parto. Algumas mulheres não reconheceram essas práticas como violência, refletindo uma culturalização de intervenções desnecessárias. Conclusões: A violência obstétrica é perpetuada pela normalização de práticas abusivas no ambiente hospitalar e pela falta de consciencialização acerca dos direitos das mulheres. A humanização do parto é essencial para reduzir estas práticas, garantindo a autonomia e o respeito pelas escolhas das mulheres nesse contexto.

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Publicado

31-05-2025

Como Citar

Matheus de Oliveira Sobrinho Ferreira, Ana Carolina Conartioli, Larissa Dias Müller de Souza, A., Pamela Eloisa Palma Tasca, Wust Beckmann, S., & Britta Stefano, E. A. (2025). A voz das mulheres: perceções sobre a violência obstétrica no Sul do Brasil . Revista Portuguesa De Investigação Comportamental E Social, 11(1), 1–15. https://doi.org/10.31211/rpics.2025.11.1.369

Edição

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Artigo Original