Validação da versão portuguesa da Center for Epidemiologic Studies Depression Scale for Children (CES-DC)

Autores

  • Camila Carvalho Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal
  • Marina Cunha Instituto Superior Miguel Torga; Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenções Cognitivo-comportamentais, Universidade de Coimbra, Portugal http://orcid.org/0000-0002-5957-1903
  • Sónia Cherpe Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenções Cognitivo-comportamentais, Universidade de Coimbra, Portugal http://orcid.org/0000-0001-8248-3488
  • Ana Galhardo Instituto Superior Miguel Torga; Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenções Cognitivo-comportamentais, Universidade de Coimbra, Portugal http://orcid.org/0000-0002-3484-6683
  • Margarida Couto Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal http://orcid.org/0000-0001-8473-181X

DOI:

https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2015.1.2.23

Palavras-chave:

Adolescentes, Avaliação, CES‐DC, Depressão, Estudo instrumental

Resumo

Objetivo: A depressão na infância e na adolescência, tal como na população adulta, é uma das perturbações mentais mais comuns. Uma vez que o seu aparecimento nestas faixas etárias se associa a consequências graves na idade adulta, é fundamental identificar os sintomas depressivos precocemente. Desta forma, os instrumentos de autorrelato têm um papel fundamental, uma vez que permitem com facilidade, de forma fidedigna e válida, ter acesso a formas de pensar, sentir e agir dos sujeitos. O objetivo do presente trabalho é avaliar as propriedades psicométricas (fidedignidade e validade) da tradução portuguesa da Center for Epidemiological Studies Depression Scale for Children (CES-DC). Método: A amostra é constituída por 417 adolescentes, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos (M = 15,20, DP = 1,72). Foi utilizado o método translate – translate back na obtenção da versão na língua portuguesa. Para o estudo da validade convergente e divergente da CES-DC, foram utilizadas as versões portuguesas da Depression Anxiety Stress Scales (DASS 21), do Children's Depresssion Inventory (CDI) e da Students' Life Satisfaction Scale (SLSS) que avaliam, respetivamente, os estados emocionais negativos (depressão, ansiedade e stress), a sintomatologia depressiva e a satisfação global com a vida. Resultados: A análise fatorial exploratória apontou uma solução de três fatores (fator humor, fator interpessoal e fator felicidade) que explicam 54% da variância. Os resultados obtidos mostram que a escala possui uma excelente consistência interna (α = 0,90), uma boa estabilidade temporal (r = 0,72), assim como uma validade convergente e divergente adequada. O sexo e a idade mostraram influenciar os valores médios dos sintomas depressivos. Conclusões: Não obstante poderem ser apontadas algumas limitações ao presente estudo, os resultados confirmam a adequação e robustez da CES-DC na população portuguesa, sugerindo, constituir um questionário útil na avaliação de sintomas depressivos nos adolescentes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Aebi, M., Metzke, C. W., & Steinhausen, H. C. (2009). Prediction of major affective disorders in adolescents by self-report measures. Journal of Affective Disorders, 115(1-2), 140-149. https://doi.org/10.1016/j.jad.2008.09.017

American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais [DSM-5: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders] (5th ed.). Lisboa: Climepsi Editores.

Anderson, M. S. (2012). Factors of resiliency and depression in adolescents (Master's thesis, College of Liberal Studies, USA). https://oa.mg/work/2919016225

Araújo, A., & Neto, F. (2014). A nova classificação americana para os transtornos mentais – o DSM-5 [The new American classification for mental disorders - DSM-5]. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 6, 67-82. https://bit.ly/3IvSKbg

Bahls, S. (2002). Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes [Clinical aspects of depression in children and adolescents]. Jornal de Pediatria, 78(5), 359-366. https://doi.org/10.1590/S0021-75572002000500004

Barkmann, C., Erhart, M., Schulte-Markwort, M., & BELLA Study Group (2008). The German version of the Centre for Epidemiological Studies Depression Scale for Children: psychometric evaluation in a population-based survey of 7 to 17 years old children and adolescents--results of the BELLA study. European child & adolescent psychiatry, 17 Suppl 1, 116–124. https://doi.org/10.1007/s00787-008-1013-0

Betancourt, T., Scorza, P., Meyers-Ohki, S., Mushashi, C., Kayiteshonga, Y., Binagwaho, A., Stulac, S., & Beardslee, W. R. (2012). Validating the Center for Epidemiological Studies Depression Scale for Children in Rwanda. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 51(12), 1284–1292. https://doi.org/10.1016/j.jaac.2012.09.003

Brooks, S. J., & Kutcher, S. (2001). Diagnosis and measurement of adolescent depression: a review of commonly utilized instruments. Journal of child and adolescent psychopharmacology, 11(4), 341–376. https://doi.org/10.1089/104454601317261546

Cardoso, P., Rodrigues, C., & Vilar, A. (2004). Prevalência de sintomas depressivos em adolescentes portugueses [Prevalence of depressive symptoms in Portuguese adolescents]. Análise Psicológica, 22(4), 667-675. https://doi.org/10.14417/ap.264

Cohen, J. (1992). Statistical power analysis for the behavioural sciences. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.

Compas, B. E., Jaser, S. S., & Benson, M. A. (2008) Coping and emotion regulation: Implications for understanding depression during adolescence. In S. Nolen-Hoeksema & L. M. Hilt (Eds.), Handbook of depression in adolescents (pp. 420-434). New York: Press: Routledge.

Cook, M., Peterson, J., & Sheldon, C. (2009). Adolescent depression: An update guide to clinical decision making. Psychiatry, 6(9), 17-31. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2766285/

Costello, A. B., & Osborne, J. W. (2005). Best practices in exploratory factor analysis: Four recommendations for getting the most from your analysis. Practical Assessment, Research & Evaluation, 10(7), 1-9. https://doi.org/10.7275/jyj1-4868

Cuijpers, P., Boluijt, P., & van Straten, A. (2008). Screening of depression in adolescents through the Internet : sensitivity and specificity of two screening questionnaires. European child & adolescent psychiatry, 17(1), 32–38. https://doi.org/10.1007/s00787-007-0631-2

DeVellis, R. (1991). Scale development: Theory and applications. Newbury Park, CA: Sage Publications.

Faulstich, M. E., Carey, M. P., Ruggiero, L., Enyart, P., & Gresham, F. (1986). Assessment of depression in childhood and adolescence: an evaluation of the Center for Epidemiological Studies Depression Scale for Children (CES-DC). The American journal of psychiatry, 143(8), 1024–1027. https://doi.org/10.1176/ajp.143.8.1024

Fendrich, M., Weissman, M. M., & Warner, V. (1990). Screening for depressive disorder in children and adolescents: validating the Center for Epidemiologic Studies Depression Scale for Children. American journal of epidemiology, 131(3), 538–551. https://doi.org/10.1093/oxfordjournals.aje.a115529

Foley, K. L., Reed, P. S., Mutran, E. J., & DeVellis, R. F. (2002). Measurement adequacy of the CES-D among a sample of older African-Americans. Psychiatry research, 109(1), 61–69. https://doi.org/10.1016/s0165-1781(01)00360-2

Fountoulakis, K., Iacovides, A., Kleanthous, S., Samolis, S., Kaprinis, S. G., Sitzoglou, K., St Kaprinis, G., & Bech, P. (2001). Reliability, validity and psychometric properties of the Greek translation of the Center for Epidemiological Studies-Depression (CES-D) Scale. BMC psychiatry, 1, 3. https://doi.org/10.1186/1471-244x-1-3

Gameiro, S., Carona, C., Pereira, M., Canavarro, M. C., Simões, M., Rijo, D., . . . A, (2008). Sintomatologia depressiva e qualidade de vida na população geral [Depressive symptoms and quality of life in the general population]. Psicologia, Saúde e Doenças, 9(1), 103-112. https://www.sp-ps.pt/site/jr/9

Garrison, C. Z., Addy, C. L., Jackson, K. L., McKeown, R. E., & Waller, J. L. (1991). The CES-D as a screen for depression and other psychiatric disorders in adolescents. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 30(4), 636–641. https://doi.org/10.1097/00004583-199107000-00017

Ghubash, R., Daradkeh, T. K., Al Naseri, K. S., Al Bloushi, N. B., & Al Daheri, A. M. (2000). The performance of the Center for Epidemiologic Study Depression Scale (CES-D) in an Arab female community. The International journal of social psychiatry, 46(4), 241–249. https://doi.org/10.1177/002076400004600402

Guarnaccia, P. J., Angel, R., & Worobey, J. L. (1989). The factor structure of the CES-D in the Hispanic Health and Nutrition Examination Survey: the influences of ethnicity, gender and language. Social science & medicine (1982), 29(1), 85–94. https://doi.org/10.1016/0277-9536(89)90131-7

Hambleton, R. K., Merenda, P. F., & Spielberger, C. D. (2005). Adapting educational and psychological tests for cross-cultural assessment. Mahwah, NJ: L. Erlbaum Associates.

Hammen, C. (2009) Stress exposure and stress generation in adolescent depression. In S. N. Hoeksema & L. M. Hilt (Eds.), Handbook of depression in adolescents (pp. 306-326). New York: Routledge.

Hammen, C., Brennan, P. A., & Keenan-Miller, D. (2008). Patterns of adolescent depression to age 20: the role of maternal depression and youth interpersonal dysfunction. Journal of abnormal child psychology, 36(8), 1189–1198. https://doi.org/10.1007/s10802-008-9241-9

Hill, M. M., & Hill, A. (2002). Investigação por questionário [Research by questionnaire] (2ª ed.). Lisboa: Edições Sílabo.

Huebner, E. S. (1991). Initial Development of the Student’s Life Satisfaction Scale. School Psychology International, 12(3), 231–240. https://doi.org/10.1177/0143034391123010

International Test Commission. (2010). International Test Commission Guidelines for Translating and Adapting Tests. https://www.intestcom.org/

Kovacs, M. (1985). The Children’s Depression Inventory (CDI). Psychopharmacology Bulletin, 21(4), 995-998.

Kovacs, M. (1992). Children's Depression Inventory manual. New York: Multi-Health Systems.

Kuo W. H. (1984). Prevalence of depression among Asian-Americans. The Journal of nervous and mental disease, 172(8), 449–457. https://doi.org/10.1097/00005053-198408000-00002

Li, H. C., Chung, O. K., & Ho, K. Y. (2010). Center for Epidemiologic Studies Depression Scale for Children: psychometric testing of the Chinese version. Journal of advanced nursing, 66(11), 2582–2591. https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2010.05440.x

Lovibond, P. F., & Lovibond, S. H. (1995). The structure of negative emotional states: comparison of the Depression Anxiety Stress Scales (DASS) with the Beck Depression and Anxiety Inventories. Behaviour research and therapy, 33(3), 335–343. https://doi.org/10.1016/0005-7967(94)00075-u

Marôco, J. (2010). Análise estatística com o PASW Statistics [Statistical analysis with PASW Statistics] (ex-SPSS). Lisboa: ReportNumber.

Marques, S. C., Pais-Ribeiro, J. L., & Lopez, S. J. (2007). Validation of a Portuguese version of the Students’ Life Satisfaction Scale. Applied Research in Quality of Life, 2(2), 83-94. https://doi.org/10.1007/s11482-007-9031-5

Marujo, H. M. (1994). Síndromas depressivos na infância e na adolescência [Depressive syndromes in childhood and adolescence] (Unpublished Doctoral dissertation). Universidade de Lisboa, Lisboa. http://hdl.handle.net/10451/42329

Marujo, H. M. (2000) Psicopatologia do desenvolvimento e depressão [Developmental psychopathology and depression]. In I. Soares (Ed.), Psicopatologia do desenvolvimento: Trajectórias (in)adaptativas ao longo da vida (pp. 143-180). Coimbra: Quarteto Editora.

Merikangas, K. R., & Knight, E. (2008) The epidemiology of depression in adolescents. In S. Nolen-Hoeksema & L. M. Hilt (Eds.), Handbook of depression in adolescents (pp. 53-75). New York: Routledge.

Nunnally, J. (1978). Psychometric theory (2nd ed.). New York: McGraw-Hill.

Olsson, G., & von Knorring, A. L. (1997). Depression among Swedish adolescents measured by the self-rating scale Center for Epidemiology Studies-Depression Child (CES-DC). European child & adolescent psychiatry, 6(2), 81–87. https://doi.org/10.1007/BF00566670

Pais-Ribeiro, J., Honrado, A., & Leal, I. (2004). Contribuição para o estudo da adaptação portuguesa das escalas de Depressão Ansiedade Stress de Lovibond e Lovibond [Contribution to the study of the Portuguese adaptation of the Depression Anxiety Stress Scales of Lovibond and Lovibond]. Psicologia, Saúde & Doença, 5(2), 235-246. https://www.redalyc.org/pdf/362/36250207.pdf

Pallant, J. (2010). SPSS survival manual: A step by step guide to data analysis using SPSS. New York: McGraw-Hill Education.

Pestana, M. J., & Gageiro, J. N. (2008). Análise de dados para ciências sociais. A complementaridade do SPSS [Data analysis for social sciences. The complementarity of SPSS] (5th ed.). Lisboa: Sílabo.

Radloff, L. S. (1977). A CES-D scale: A self-report depression scale for research in the general population. Applied Psychological Measurement, 1(3), 385-401. https://doi.org/10.1177/014662167700100306

Reinherz, H., Tanner, J., Paradis, A., Beardslee, W., Szigethy, E., & Bond, A. (2006). Depressive disorders. New York: Routledge.

Rudolph, K., Hammen, C., & Daley, S. (2006) Mood disorders. In D. Wolf & E. Mash (Eds.), Behavioral and emotional disorders in adolescents: Nature, assessment, and treatment (pp. 300-342). New York: The Guilford Press.

Sharp, L. K., & Lipsky, M. S. (2002). Screening for depression across the lifespan: A review of measures for use in primary care settings. American Family Physician, 66(6), 1001-1009. https://www.aafp.org/pubs/afp/issues/2002/0915/p1001.html

Tabachnick, B. G., & Fidell, L. S. (2007). Using multivariate statistics (5th ed.). Boston, MA: Pearson Education.

Thrane, L. E., Whitbeck, L. B., Hoyt, D. R., & Shelley, M. C. (2004). Comparing three measures of depressive symptoms among American Indian adolescents. American Indian and Alaska native mental health research (Online), 11(3), 20–42. https://doi.org/10.5820/aian.1103.2004.20

Weissman, M. M., Orvaschel, H., & Padian, N. (1980). Children's symptom and social functioning self-report scales. Comparison of mothers' and children's reports. The Journal of nervous and mental disease, 168(12), 736–740. https://doi.org/10.1097/00005053-198012000-00005

Yang, H. J., Soong, W. T., Kuo, P. H., Chang, H. L., & Chen, W. J. (2004). Using the CES-D in a two-phase survey for depressive disorders among nonreferred adolescents in Taipei: a stratum-specific likelihood ratio analysis. Journal of affective disorders, 82(3), 419–430. https://doi.org/10.1016/j.jad.2004.04.008

Ying Y. W. (1988). Depressive symptomatology among Chinese-Americans as measured by the CES-D. Journal of clinical psychology, 44(5), 739–746. https://doi.org/10.1002/1097-4679(198809)44:5<739::aid-jclp2270440512>3.0.co;2-0

Downloads

Publicado

30-09-2015

Como Citar

Carvalho, C., Cunha, M., Cherpe, S., Galhardo, A., & Couto, M. (2015). Validação da versão portuguesa da Center for Epidemiologic Studies Depression Scale for Children (CES-DC). Revista Portuguesa De Investigação Comportamental E Social, 1(2), 46–57. https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2015.1.2.23

Edição

Secção

Artigo Original