Bullying, vinculação e estilos educativos parentais em adolescentes do 3º ciclo do ensino básico
DOI:
https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2015.1.1.8Palavras-chave:
Vinculação, Estilos educativos parentais, Bullying, AdolescentesResumo
Objetivos: Dado que a literatura salienta o impacto da vinculação e do comportamento parental nos comportamentos de bullying, temos como objetivo estudar os comportamentos de bullying, de visibilidade crescente em adolescentes no contexto escolar, e a sua relação com a qualidade da vinculação e os estilos educativos parentais. Método: A amostra deste estudo envolveu 50 adolescentes, 26 raparigas e 24 rapazes, com idades entre os 12 e os 17 anos (M = 14,24). O protocolo foi composto por: Questionário de Exclusão Social e Violência Escolar (QEVE), Inventário de Vinculação na Adolescência (IPPA) e A Parental Rearing Style Questionnaire for use with Adolescents (EMBU-A). Resultados: Os adolescentes da nossa amostra tendem a ser mais observadores em situações de bullying, sendo os tipos de violência mais frequentes a exclusão social e a agressão verbal. As vítimas de bullying são mais frequentemente jovens de nível socioeconómico baixo e as raparigas são mais observadoras de exclusão social e agressão verbal do que os rapazes. No que respeita à vinculação, os jovens com mais comportamentos agressivos percecionam menor comunicação e confiança em relação ao pai e aos amigos e quando se sentem alienados face aos seus pares, estão mais sujeitos a serem vítimas de bullying. Por fim, relativamente aos estilos educativos parentais, os adolescentes mais agressivos tendem a ser os que sentem maior rejeição e menor suporte emocional maternos. Conclusões: Fica, então, sublinhada a importância para os comportamentos de bullying dos estilos educativos parentais e da qualidade da vinculação dos jovens com as figuras significativas. Estas conclusões remetem-nos para implicações ao nível da prevenção deste fenómeno, sendo importante não só considerar variáveis individuais, mas também como o sujeito interage em todos os seus sistemas de pertença, focando a construção de relações afetivas.
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