Autoconsciência e investimento esquemático da aparência em indivíduos com deficiência visual
DOI:
https://doi.org/10.31211/rpics.2019.5.1.99Palavras-chave:
Autoconsciência da Aparência, Deficiência Visual, Investimento Esquemático da Aparência, Afeto Positivo, Afeto NegativoResumo
Objetivo: A Autoconsciência da Aparência tem sido alvo de recente investigação em vários contextos, sendo desconhecidos estudos realizados em indivíduos com deficiência visual. Propõe-se com este estudo, compreender a Autoconsciência da Aparência em pessoas com deficiência visual. Método: Participaram 104 indivíduos (43 com cegueira congénita, 19 com baixa visão congénita, 23 com cegueira adquirida e 19 com baixa visão adquirida) que responderam a um conjunto de questionários quer disponibilizados on-line, quer de forma presencial, tendo sido adicionada a opção de resposta "não se aplica" em todos os itens da versão reduzida da Derriford Appearance Scale (DAS-24) e Appearance Scale Inventory (ASI-R). Resultados: Todos os instrumentos utilizados apresentaram bons índices de consistência interna. Não se verificaram diferenças significativas no Investimento Esquemático e Autoconsciência da Aparência entre os tipos de deficiência visual. Os participantes com baixa visão congénita e baixa visão adquirida, apresentaram maior desconforto com a sua aparência, em comparação com os participantes com cegueira congénita e cegueira adquirida. O Afeto Negativo revelou-se preditor do investimento esquemático e autoconsciência da aparência. Conclusões: Preocupações da aparência em indivíduos com deficiência visual são generalizadas, ocorrendo internalização dos ideais do corpo também em sujeitos sem visão. O Afeto Negativo é um preditor do Investimento Esquemático e Autoconsciência da Aparência.
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