Perceção de homofobia e discriminação da comunidade LGBTQIA+ no contexto da disciplina de Educação Física em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.31211/rpics.2021.7.2.222Palavras-chave:
Discriminação, Educação Física, Homofobia interna, LGBTQIA , Estudo mistoResumo
Contexto e Objetivo: O presente estudo procurou explorar a homofobia internalizada e sentimento de discriminação da comunidade LGBTQIA+ (Lésbica, Gay, Bissexual, Transsexual, Queer, Intersexo, Assexual) no contexto da disciplina de educação física. Métodos: Estudo quantitativo, qualitativo e exploratório numa amostra por conveniência, não probabilística, realizado entre maio e julho de 2021. Participaram no preenchimento de um questionário sociodemográfico, questionário de conforto com a identidade sexual (Escala de Homofobia Internalizada), e Escala de Discriminação Quotidiana 180 indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 60 anos. Resultados: Na avaliação da homofobia internalizada, a perceção de estigma externo apresentou correlações moderadas e altas com as variáveis associadas à discriminação em meio escolar, inclusive na disciplina de educação física. Foi possível verificar diferenças estatisticamente significativas nas modalidades preferidas praticadas na educação física entre os sexos, onde as raparigas preferiram modalidades coletivas e de contacto, enquanto os rapazes optaram por modalidades individuais sem contacto. Através da análise qualitativa, foi possível verificar memórias de discurso homofóbico por parte dos colegas aquando da prática da disciplina de educação física. Conclusões: Revela-se necessário uma maior compreensão sobre as diferenças sexuais e a prática das modalidades da disciplina de educação física. Emergem preocupações associadas ao abandono da prática de exercício físico ou desporto devido à discriminação sentida pelos jovens. Estudos futuros devem analisar a perspetiva dos intervenientes na elaboração do currículo de educação física, tendo em consideração a evolução da sociedade.
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